Curiosidades… curiosas
Na Premier League (principal liga inglesa de futebol, como sabemos), os clubes foram unanimes em concordarem com a manutenção do atual limite dos 35€ no preço cobrado para adeptos visitantes, pelo menos até à época 2024/2025, ou seja, o campeonato europeu que mais dinheiro gera em receitas televisivas, e que mais pessoas tem a assistir jogos ao vivo, pratica um preço de bilhetes que correspondente a menos de metade do preço praticado na Liga Portuguesa (75 €).
Em Portugal, os oito estádios considerados de nível 1 podem cobrar mais por um bilhete do que o preço máximo imposto pela UEFA para adeptos visitantes da Liga dos Campeões (70 €) e Liga Europa (45 €).
A acrescentar a esta barbaridade, temos o simples facto de que o salário médio em Portugal é praticamente metade do que se verifica no Reino Unido. A ausência do maior ativo dos clubes, nas bancadas – que são os adeptos –, pelos vistos não é fator de preocupação, pois nada se tem feito (ou pensado) para inverter esta situação que leva décadas.
As “habilidades” pouco aconselháveis a que nos habituaram os nossos clubes, nesta matéria, encontram eco em outras, praticadas pela Federação Portuguesa de Futebol, que, devido ao seu estatuto de Utilidade Pública, deveria ser um exemplo nos procedimentos e não adotar práticas que possibilitem, de acordo com a Autoridade Tributária, que o selecionador nacional tenha declarado, entre 2016 e 2017, 70.000€ quando efetivamente auferiu 10 milhões de euros da FPF.
A UEFA, através das competições de clubes que organiza, gera uma receita global de 3,6 mil milhões de Euros, sendo que 2,6 mil milhões de Euros acabam nos 96 clubes participantes e apenas 175 milhões nos mais de 750 clubes não participantes. Se nada mudar, as diferenças atuais vão continuar a crescer.
O presidente da Liga Espanhola referiu, e bem, ao denunciar que os Clubes-Estado (por exemplo Manchester City e PSG), governados por dirigentes políticos do medio-oriente, são um perigo para a filosofia do futebol, que estes, ao competirem deslealmente com todos os outros, no campo, ainda provocam um efeito de inflação nos salários e nas transferências, sem esquecer que todos eles utilizam condutas reprováveis no âmbito económico-desportivo.
É obrigação das Ligas denunciar as irregularidades que afetam as suas competições. E é tempo de a Liga Portugal ter um presidente com coragem para colocar os interesses do futebol acima de tudo e de todos.