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Pressão inaceitável

A habitual altura de mudanças de clubes, a que vulgarmente se chama mercado de verão, costuma ser entretida, representando como desafio aliciante a colocação de filtros entre o que pode ser verdade ou mentira. A missão é complicada e exige preparação adequada. Este defeso, também considerado como sinónimo do mercado futebolístico, surge na sequência de outros, onde as “notícias” e os “debates televisivos” são por norma motivos de entretenimento para as pessoas, independentemente das preferências clubísticas. Mas há limites para tudo, no que diz respeito ao aceitável. Finda uma época em que muito apostou e nada ganhou, mudando inclusive o treinador que vinha salvar o universo da águia, o Benfica não foi de modas e contratou, atempadamente, um novo treinador, que traz consigo ideias para implementar. Até aqui nada a opor. Porém, existe uma obsessão doentia para os lados da Luz que consiste em (tentar) contratar Ricardo Horta ao SC Braga. A aspiração de contratar aquele que foi considerado o melhor jogador da liga para alguns órgãos de comunicação social e que se tornou no melhor marcador de sempre dos bracarenses seria natural se as regras mais elementares fossem respeitadas, algo que escapa ao clube da capital, habituado a mover influências num país que a isso se propicia. A estratégia montada pelo SL Benfica, instituição que vai muito além dos maus dirigentes que tem tido, era até bastante simples e podia conduzir aos resultados esperados. Desde logo, apontava aos maus hábitos do passado onde a capital descia à província para levar quem queria, como queria e definindo os valores a envolver. A acrescer a isto, há ainda a ideia bastante sólida de que os benfiquistas controlam muito do que se escreve e diz na comunicação social, pelo que a mensagem seria fácil de passar. Foi assim que os jornais começaram por identificar a vontade de o SL Benfica contratar Ricardo Horta, para, em seguida, definir os valores a envolver através de vários órgãos de comunicação social que controlam. A resposta de Braga deveria ser de acordo com os interesses dos “senhores da capital”, porém, o período alargado de saldos em Braga, onde havia lojinhas dos trezentos, já passou há muito e tudo esbarrou na ideia, errada para alguns, que quem definia os moldes de um eventual negócio era o SC Braga, o que espantou potencial comprador, que queria preços “amigáveis”. António Salvador tem sido, ao longo dos tempos, um negociador difícil para muitas opiniões. Na minha, o presidente bracarense apenas pensa como um líder que defende os interesses da instituição que dirige. Muito simples, acho eu. A situação atual é uma vergonha e só acontece porque somos um país de brandos costumes, ondes os mais fortes ditam leis sobre os mais fracos, pois se a nação valente se evidenciasse pela existência de valores básicos, esta situação seria claramente diferente. Neste contexto, o SL Benfica faz passar mensagens constantes através dos jornais e das diferentes televisões, cujos programas desportivos são perfeitos verbos de encher, fazendo uma pressão inaceitável sobre o SC Braga e sobre Ricardo Horta, por causa de uma mudança que eles desejam ardentemente, mas que em Braga ninguém quer ver concretizada. Pelo exposto, espero que António Salvador seja de uma postura inflexível, mais ainda neste caso concreto, evitando que o ícone do seu património vivo, Ricardo Horta, possa ser delapidado a troco de nada, ou perto disso. Já sobre o jogador espero uma postura responsável, como verdadeiro Capitão de equipa que é, não forçando minimamente qualquer mudança, continuando numa casa onde ele se sente efetivamente bem.
Autor: António Costa
DM

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9 junho 2022