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Desafios e Oportunidades em Saúde

É unânime que, numa sociedade democrática, existem convergências e divergências em vários temas, sejam eles filosóficos, morais, políticos ou de qualquer outra índole. Mas também é unânime que essas mesmas convergências ou divergências não devem constituir nenhum obstáculo ao estabelecimento de uma sociedade justa e próspera.

Um dos valores que parece ser absolutamente convergente passa pela ambição de conseguirmos ter uma sociedade mais saudável e de que a mesma, com esses indicadores elevados, seja capaz de gerar mais valor em Saúde e superar os inúmeros desafios de cariz económico e sanitários que cada vez mais se colocam.

Os últimos anos, fortemente marcados pelo contexto pandémico atravessado, não deixam qualquer espécie de dúvida sobre os desafios e obstáculos que se foram colocando, mas, também, sobre as inúmeras oportunidades que, se bem aproveitadas, proporcionarão intervenções estratégicas com resultados mais satisfatórios e condizentes com o esperado para sociedade de um país europeu em pleno sec. XXI.

E a primeira oportunidade passa por se ter a capacidade de, definitivamente, colocar o principal interessado – o cidadão e as suas famílias – no centro dos processos de decisão. Com isto, envolvê-lo na gestão da sua própria saúde, proporcionando-lhe mais educação em Saúde assim como a utilização das necessárias ferramentas para capitalizar resultados e utilização de recursos disponíveis da forma mais eficiente possível.

Ao privilegiar a qualidade e educação em Saúde estaremos, seguramente, a melhorar a qualidade de vida de uma população que está a envelhecer.

O envelhecimento, essa realidade para a qual o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não se preparou ao longo das últimas décadas, assim como a gestão acurada das doenças crónicas, constituem dois dos maiores desafios aos quais teremos, enquanto sociedade, de responder no futuro próximo.

Outra das flagrantes oportunidades passa pela melhoria da abordagem à Saúde, quer na vertente preventiva quer na gestão do tratamento das doenças.

A prevenção da doença tem sido apontada como uma das grandes fragilidades do SNS e uma das áreas com menor atenção e preocupação na hora de alocar as verbas em sede de orçamento do sector, pelo que a definição e alocação de quantias dedicadas à referida prevenção e promoção da Saúde tornam-se imperiosas.

Em qualquer dos âmbitos, as tecnologias afiguram-se como incontornáveis e evidentes.

Não obstante o caminho de redução das assimetrias e iniquidades ainda existentes, como é o caso de iliteracia digital, a aposta na digitalização em Saúde onde, aliás, temos dado provas consistentes de criatividade e inovação, permitirá, a médio prazo, potenciar a maior inclusão e acesso equitativo aos cuidados de saúde.

Mas há mais oportunidades.

Ainda no âmbito tecnológico, com o avanço das plataformas de sistemas deBusiness Intelligence(BI) eBig Data, gerir dados em Saúde tornou-se absolutamente fundamental.

Os dadossão a base para gerarmosinformações e conhecimento, essenciais para a tomada de decisão e controle das organizações nas mais diversas áreas de trabalho. A avaliação regular dos resultados em Saúde, o seu impacto na vida das pessoas, será tanto melhor quanto maior a sua gestão, partilha e correcta utilização. Sem mais burocracia, com mais eficácia.

Por fim, não sei se um desafio, uma oportunidade, ou tão só a esperança de ver um futuro alicerçado num novo sistema de saúde-social, o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), assim se execute de forma adequada e transparente, adquirirá um papel muito relevante, diria até decisivo, na promoção e aceleração da concretização de iniciativas que visem manter viva a paixão por um depauperado SNS.

PS: O autor opta por escrever segundo o acordo ortográfico precedente.


Autor: Mário Peixoto
DM

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28 maio 2022