Voluntariado em Saúde
“Em termos absolutos o homem é um valor imponderável, inteiro e perfeito como um dogma. Mas em termos relativos, sociais, o homem é o que vale para os seus semelhantes…”
Miguel Torga
Arrisco dizer que nunca, ou pelo menos nas últimas largas décadas, como hoje, se sentiu e assistiu a tamanho apelo à solidariedade, à dedicação ao próximo e ao serviço à comunidade.
Os tempos que atravessamos, assolados por uma guerra no continente europeu, assim como o modelo de sociedade em que vivemos, fazem sobressair uma série de novos problemas que impõem levar à prática valores como a compaixão, solidariedade, altruísmo e responsabilidade.
Sentimentos profundamente humanos e virtudes cívicas que um Voluntário ostenta como medalhas de mérito. Ainda assim, infelizmente, invisíveis para muitos dos que vagueiam numa sociedade onde o culto do individualismo se sobrepõe aos valores do humanismo.
Desses ditos “novos” problemas, emerge uma das maiores conquistas da humanidade – sinal de sucesso das políticas de saúde pública e do desenvolvimento económico e social – mas, também, um dos nossos grandes desígnios: o envelhecimento demográfico e o correspondente aumento da procura de apoios sociais.
Também o apoio a jovens e crianças em risco, áreas em que a sociedade tem falhado, com reflexos visíveis quer a nível das dependências, quer da exclusão social requer intervenção.
Quadros que sugerem modelos de maiores dependências e que exigem adequado acompanhamento.
O voluntariado tem aqui um campo de acção tão rico quanto exigente.
Rico, na medida em que a procura e a necessidade ultrapassam largamente a oferta. Uma oferta ainda manifestamente reduzida, mas que se consubstancia numa energia, generosidade e enorme desejo de ajudar a aliviar sofrimentos ou apenas em melhorar a qualidade de vida de quem realmente necessita.
Exigente, porque os apoios evidentemente necessários, sejam eles financeiros, materiais ou de outra índole, por forma a fazer face às crescentes dificuldades, são escassos.
A título de exemplo, e em particular no estrito âmbito da prestação de suporte no campo da Saúde, a manutenção de unidades de socorro, a formação qualificada aos socorristas, entre muitos outros, representam custos significativos, muitas vezes incomportáveis para quem gere orçamentos reduzidos.
Mas não só de suporte financeiro os apoios se podem traduzir. A redução de horário de trabalho para aqueles que desempenharem funções neste âmbito, a atribuição de benefícios fiscais a Instituições reconhecidas e mediante trabalho meritório desenvolvido ou a criação de um seguro para o voluntário são meros exemplos de alguns desses importantes e potenciais contributos.
Caberá à tutela, organizações não governamentais e sociedade civil incentivar, apoiar e divulgar o importante trabalho dos Voluntários, contribuindo com os seus recursos, autoridade e know how para o fomento desta tão nobre actividade.
PS: O autor opta por escrever segundo o acordo ortográfico precedente.