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Honrar os idosos

1. O Papa Francisco dedicou a catequese de 20 de abril a uma reflexão sobre o 4.º dos Mandamentos da Lei de Deus: honrar pai e mãe. Deteve-se, a propósito, no cuidado para com os idosos. No dever de os honrar. E «honrar os idosos, disse, é reconhecer a dignidade que têm». Um idoso não perde a dignidade de ser humano e de filho de Deus. Os anos não fazem com que desça de pessoa a coisa. A algo considerado pelos mais novos como um peso ou um empecilho de que se procuram libertar. 2. «Falta honra, acrescentou, quando o excesso de confidência, em vez de ser expresso como delicadeza e afeto, ternura e respeito, se transforma em rudeza e prevaricação. Quando a fraqueza é repreendida, e até punida, como se fosse uma culpa. Quando a perplexidade e a confusão se tornam uma abertura para o escárnio e a agressividade. Pode acontecer inclusive dentro das paredes domésticas, nas casas de cura, assim como nos escritórios ou nos espaços abertos da cidade. Incentivar nos jovens, também indiretamente, uma atitude de suficiência – e até de desprezo – em relação à velhice, às suas debilidades e à sua precariedade, produz situações horríveis. Abre o caminho a excessos inimagináveis». «Muitas vezes pensamos que os idosos são o descarte ou colocamo-los nós no descarte; desprezam-se os idosos e descartam-nos da vida, pondo-os de lado». «Este desprezo, que desonra os idosos, na verdade desonra-nos a todos. Se desonrar o idoso desonro a mim mesmo». 3. Como repetidas vezes tem feito, insistiu o Papa no relacionamento entre as pessoas das diversas gerações: «Permito-me aconselhar os pais: por favor, aproximai os filhos, as crianças, os filhos jovens aos mais velhos, aproximai-os sempre. E quando o idoso estiver doente, um pouco fora de si, aproximai-os sempre: que saibam que esta é a nossa carne, que foi isto que nos permitiu estar aqui agora». 4.Relativamente à necessidade de o idoso ter de passar a viver num lar (o ideal é que permaneça na família), lembro que um lar de idosos não pode ser uma arrecadação de pessoas. Estar num lar de idosos não pode significar cortar radicalmente com o ambiente em que se viveu. Se o idoso não pode ir à família vá a família ao idoso. Entrar num lar de idosos não pode ser entrar numa prisão de onde apenas se sai para o cemitério. Disse o Papa:«Por favor, não afasteis os idosos. E se não houver outra possibilidade senão levá-los para um lar de idosos, por favor, visitai-os e levai as crianças para os ver: eles são a honra da nossa civilização, os idosos que abriram as portas». «Por favor, preservai os idosos. E se perderem a cabeça, preservai-os de qualquer forma porque são a presença da história, a presença da minha família, e graças a eles estou aqui, todos podemos dizer: graças a ti, avô e avó, estou vivo. Por favor, não os deixeis sozinhos». «E isto de cuidar dos idosos não é uma questão de cosméticos e de cirurgia plástica. Trata-se antes de uma questão de honra, que deve transformar a educação dos jovens em relação à vida e às suas fases». 5. A honra devida aos idosos deve levar os responsáveis pela gestão dos dinheiros públicos a repensarem a problemática dos lares de idosos e dos serviços continuados. Não sendo a solução ideal, os lares para idosos com baixas pensões de reforma são, hoje, uma necessidade. Às vezes dá a impressão de haver excesso de zelo em fiscalizar o cumprimento escrupuloso dos regulamentos. Não deverá haver semelhante cuidado em dotar aquelas estruturas dos meios necessários para servirem como devem? Não sacode as consciências haver instituições a dizerem ter de fechar serviços de cuidados continuados (dos poucos que existem) por lhes não ser dado o apoio necessário?
Autor: Silva Araújo
DM

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5 maio 2022