Fiscal aplaude regresso do compasso pascal e usa barcas novas na travessia
Tradição volta a atrair centenas de pessoas às margens do rio Homem.
A comunidade de Fiscal, concelho de Amares, saudou hoje com aplausos o regresso da visita pascal e a tradicional travessia do compasso em barco.
Após dois anos de interregno, a tradição voltou a atrair centenas de pessoas às margens do rio Homem, provenientes do concelho, de localidades vizinhas, de regiões mais distantes do país e até do estrangeiro.
A família que assumiu a festa expressou o seu agradecimento ao público com o lançamento de balões (brancos e amarelos) a partir da barca que transportou as duas cruzes do compasso.
Esta tradição esteve interrompida nos últimos dois anos devido à pandemia de covid-19.
Este ano, a travessia foi feita com barcas novas, mandadas fazer para a Páscoa de 2020. Como nesse ano o compasso não saiu, foram inauguradas e benzidas ontem, depois de terem estado nos últimos dois anos submersas no rio Homem.
A travessia da visita pascal pelo rio Homem remonta aos tempos em que na freguesia não havia ponte a ligar os lugares de S. Bento e S. Pedro. Depois de construída a atual ponte, há mais de 30 anos, a tradição da travessia pascal de barco manteve-se, com o empenhamento da comunidade e de mordomos que de ano para ano assumem a festa pascal.
Esta Segunda-feira de Páscoa, mais uma vez, a festa da ressurreição de Cristo foi celebrada com esmero, não faltando decorações, mesas fartas e o habitual foguetório.
«É um dia feliz e também memorável. As pessoas esperaram muito por este momento, desejavam este dia e, de facto, é com grande alegria que retomamos esta tradição», disse o pároco de Fiscal, Carrazedoe Prozelo, o padre Vítor Hugo Gonçalves.
Antes da travessia, no Largo da Aleluia, na margem direita do rio, o sacerdote dirigiu algumas palavras às pessoas ali reunidas, deixando uma mensagem de concórdia, paz e esperança.
«Como o povo de Israel passou para a Terra Prometida, nós vamos passar de barco para relembrar também que o Senhor nos chama para outra terra maior. Vamos todos junto e celebrámos com fé, porque sabemos e acreditámos que o Nosso Senhor Ressuscitou para nos dar a vida eterna», disse.
Como vem sendo habitual, o presidente da Câmara Municipal de Amares também marcou presença, acompanhado pela vereadora Cidália Abreu e pelo presidente da Junta de Freguesia de Fiscal.
«É uma alegria muito grande o regresso desta festa depois de dois anos de pandemia que nos afetou a todos. Esta tradição é muito importante para o concelho e para a freguesia de Fiscal, quer pela parte religiosa, quer pela parte económica», disse Manuel Moreira, em declarações ao Diário do Minho.
O autarca destacou a grande afluência de visitantes a Fiscal neste dia soalheiro e de temperaturas agradáveis.
«O povo estava ansioso por este dia, se calhar é o ano que junta aqui mais gente», acrescentou.
O presidente da Junta de Fiscal, Augusto Macedo, expressou, em nome da Freguesia, «enorme orgulho e alegria» pelo regresso destas tradição.
Este ano, por determinação da Conferência Episcopal Portuguesa, não foi possível beijar a cruz, tendo o ato sido substituído em muitas paróquias por uma ligeira inclinação (vénia).
Este ano, a mordomia esteve a cargo da família de Augusto Veloso.