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A semana da interculturalidade

Está a decorrer, no distrito de Braga, a semana da interculturalidade. Segundo os seus mentores, a semana tem por objetivos principais “sensibilizar os cidadãos para a necessidade de uma sociedade intercultural que tenha presente os valores da solidariedade e da não discriminação de forma a garantir uma cidadania mais inclusiva e mais igualitária”. No distrito de Braga estão previstas dez iniciativas que envolvem várias instituições, nomeadamente, com a intervenção da FRATERNA em escolas do 1.º Ciclo de Guimarães e a Casa do Povo de Fermentões que irá realizar uma ação sobre a a imigração (cf. DM , DE 3.4.22).

Perante esta factualidade, importa fazer o seu enquadra mento geral.

A União Europeia (UE) tem exigido dos seus Estados membros a alteração das suas leis, de modo a garantir a transposição correta das regras comunitárias, relativas à circulação de cidadãos no território da UE. O ideal é que exista uma vivência harmoniosa, lado a lado, com as pessoas oriundas de contextos culturais diferentes. Por isso, os imigrantes devem fazer tudo ao seu alcance para conseguir a sua própria integração, sem comprometerem, naturalmente, as suas próprias convicções, mas respeitando também as convicções dos outros.

Em 2014, as Nações Unidas colocaram Portugal nos países da frente em termos de políticas de integração e inclusão de imigrantes e refugiados. Portugal é efetivamente considerado um país generoso nessa matéria, aliado ao facto de ser também o 4º país da União Europeia com mais imigrantes. É certamente por isso que não existe em Portugal um discurso anti-imigração, existindo mesmo uma base consensual, sobre o qual se tem construído as políticas de inclusão e reinserção social. Se tivesse de traçar o perfil de Portugal nesta matéria, diria que se trata de um país de consensos e de abertura ao mundo, ao afirmar e promover os valores em que o povo português acredita: respeito pela dignidade humana, liberdade e igualdade, democracia e Estado de Direito, promoção da paz e do bem estar dos povos.

Reconheço, no entanto, que os avanços que se registaram nos últimos anos não são ainda suficientes para garantir, na prática, uma situação de igualdade com as mesmas oportunidades, designadamente no acesso ao sistema de educação, à habitação condigna, aos serviços públicos de saúde e à participação cívica. Não restam dúvidas que estamos a entrar num tempo em que as diferentes civilizações terão de aprender a viver lado a lado, em reciprocidade pacífica, aprendendo umas com as outras, para melhor compreensão mútua e uma sã convivência.

No âmbito cultural, dada a pluralidade e especificidade das diversas culturas e religiões, torna-se essencial promover um dinamismo no processo de globalização, ou seja, o diálogo intercultural e inter-religioso, que tenha por base o respeito e o conhecimento mútuos, na valorização de valores comuns.

Cada um de nós tem uma contribuição a dar, refletindo sobre estas questões e sobre o que pode fazer. Afinal, todos pertencemos a uma única família, com preocupações e esperanças comuns, partilhando o mesmo lar - a Terra. Importa trabalhar para um mundo justo e pacífico para que seja possível viver numa comunidade onde não haja lugar para a discriminação e todos os seres humanos gozem de direitos iguais. Isso dependerá em grande parte do que fizermos agora. Estamos ainda no início da nova sociedade global. Com ela, afigura-se que o futuro pode ser rico em possibilidades, desde que saibamos aproveitá-las e trabalhar juntos pela sua realização.

Em conclusão: há que aproximar culturas para construir a paz.


Autor: Narciso Machado
DM

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6 abril 2022