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Guimarães regista sinais de alarme na saúde mental de muitas crianças

Guimarães regista sinais de alarme na saúde mental de muitas crianças
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Publicado em 08 de junho de 2021, às 12:54

Rastreio mostra número elevado de crianças com problemas

A pandemia está a provocar sofrimento psíquico e outros problemas na saúde mental de muitas crianças do concelho de Guimarães. Os dados constam de um rastreio que ainda está em curso, mas com resultados que já merecem «muita preocupação» da autarquia. A Câmara Municipal de Guimarães, em conjunto com o laboratório colaborativo ProChild, a Associação de Psicologia e o Centro de Investigação em Psicologia da Universidade do Minho, está a desenvolver, desde fevereiro, um rastreio à saúde mental infantil para avaliação e intervenção psicológica com crianças entre os 3 e os 10 anos do ensino pré-escolar e primeiro ciclo da rede pública. E os primeiros resultados desta avaliação mostram «um número muito elevado de crianças» com problemas de saúde mental provocados pela pandemia, revelou a vereadora da Educação, Adelina Pinto, no final da última reunião do executivo. Os dados daquele rastreio e a sinalização já realizada mostram que os problemas de saúde mental nas crianças de Guimarães entre os 3 e os 10 anos de idade estão a aumentar de uma forma «muito preocupante». Os indicadores disponíveis mostram que «mais de 30% estão já identificadas como tendo problemas», revelou Adelina Pinto, acrescentando que os investigadores compararam os efeitos da pandemia com uma situação de guerra. «Uma situação de guerra afetaria, em questões de saúde mental, entre 20 a 30 por cento das crianças. Pensamos que na pandemia, sem a agressividade da guerra, de bombas ou destruição, não atingiria tanto as crianças. Porém, o número que temos é muito significativo e preocupante», assinalou. Aquele rastreio é desenvolvido através de um inquérito aos pais, mas nem todos respondem e os responsáveis estão mesmo a intensificar esforços para reunir o maior número possivel de dados. No entanto, das respostas obtidas, o universo de crianças afetadas é já «superior a 30 por cento». Este percentual pode vir a ser esbatido com a globalidade dos resultados obtidos ou, pelo contrário, manter a linha de tendência ou mesmo acentuar-se. Independentemente da variável possível daquele resultado, «o certo é que temos já um número muito significativo de crianças que no rastreio assinala problemas que estão a ser acompanhados por psicólogos e outros que irão para a pedopsiquiatria», notou Adelina Pinto, acrescentando que o objetivo da intervenção é que os problemas sejam resolvidos rapidamente e não avancem para o nível seguinte. Nos sinais de alerta e que reclamam intervenção contam-se episódios de crianças «que querem ficar em ensino doméstico, que têm medo de brincar com os colegas ou que rejeitam mesmo sair de casa. É uma situação que nos preocupa», alertou Adelina Pinto. Nos casos menos graves, a autarquia desenvolve «atividades lúdicas, através da arte e do desporto», para atrair o regresso das crianças às escolas. Nos restantes, a resposta passa pelo acompanhamento psicológico ou psiquiátrico, continuando em curso o rastreio no site do laboratório colaborativo ProChild.
Autor: R. de L.