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Igreja de Braga quer retomar Procissão do Corpo de Deus sem perturbações do exterior

Igreja de Braga quer retomar Procissão do Corpo de Deus sem perturbações do exterior
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Publicado em 04 de junho de 2021, às 11:47

D. Jorge Ortiga convidou, ontem, a levar a Eucaristia para a vida como expressão da caridade.

A Arquidiocese de Braga vai retomar no próximo ano, caso as condições sanitárias o permitam, a Procissão da solenidade do Corpo de Deus pelas ruas da cidade, antecedida da bênção em frente à Catedral. D. Jorge Ortiga lembra que a Solenidade do Corpo de Deus vive-se nas ruas das cidades «desde tempos imemoriais» com o propósito de levar a Eucaristia para as situações concretas de indignidade humana. Esta quinta-feira, pelo segundo ano consecutivo, por causa da pandemia, a procissão do Corpo de Deus não saiu às ruas de Braga, nem houve a habitual bênção em frente à catedral no final da Eucaristia com um momento de oração. Uma tradição multisecular que a Igreja de Braga quer não só retomar como tornar mais intensa. «Realizamos muitas procissões. A Procissão do Corpo de Deus não é mais uma. É a procissão das procissões. Significa que Cristo quer sair às ruas por intermédio daqueles que o comungam. Os itinerários são algumas ruas das cidades mas os cristãos devem chegar às quelhas, aos recônditos bairros sociais, aos apartamentos onde mora a solidão ou a pobreza envergonhada. Se este ano não percorremos as ruas da nossa cidade, assim como já aconteceu no ano passado por causa das restrições impostas pela pandemia, não podemos deixar de, no final da celebração e em atitude de adoração eucarística, sair, espiritualmente, ao encontro da cidade. O lugar desta adoração é pelas ruas e em frente à Catedral. Trata-se de expressar a nossa solicitude e solidariedade com o povo, no meio dele», explicou o prelado na Eucaristia da solenidade do Corpo de Deus celebrada na Sé Primacial. O Arcebispo de Braga, que presidiu à celebração, deseja que o retomar deste costume aconteça com toda a dignidade, sem perturbações do exterior. «Temos, nos últimos anos, sido perturbados pelo ambiente que circula a Catedral. Sempre usamos aqueles espaços e iremos continuar. Passada a pandemia, voltaremos lá, assim nos permitam uma hora de silêncio, tudo devidamente documentado por escrito, dando continuidade a uma tradição de muitos séculos, que não podemos perder. Não pedimos nada de especial. Queremos estar na nossa cultura multisecular», alertou D. Jorge. Este alerta surge concretamente por causa do barulho proveniente das esplanadas instaladas na rua em frente à Sé Primacial, uma situação já do conhecimento de quem tutela a ocupação do espaço público. Nesta missa da Solenidade do Corpo de Deus, o Arcebispo de Braga exortou os cristãos a levarem a Eucaristia para a vida como expressão da caridade, notando que «a complexidade das novas formas da pobreza está a exigir novas respostas». «A Eucaristia é fonte da caridade. Penso que o grande pecado dos cristãos consiste na omissão. Podem fazer muito e não fazem. Ouvem os gritos ao seu lado e fazem ouvidos de mercador. Poderiam sujar as mãos na oferta de sinais de fraternidade e esperam que outros o façam ou permitem que muita gente viva indignamente», apontou. A pouco tempo do final deste ano pastoral, marcado por «alguma anormalidade», e já a pensar no próximo, D. Jorge Ortiga pediu aos fiéis diocesanos que procurem «recentrar» de novo a sua vida e a das comunidades no projeto pastoral que assumiram e que tem como fonte inspiradora a parábola do Bom Samaritano. «Pretendíamos, e vamos continuar a mesma caminhada eclesial, viver intensamente a caridade (…). Procuraremos ouvir, hoje, mas para cada dia das nossas vidas e das nossas comunidades, o que a caridade nos sugere. É um modo de louvar Jesus Eucaristia com os cantos e invocações mas sobretudo é um compromisso de dar novo ânimo ao nosso Programa Pastoral», afirmou. O prelado explicou que para viver a caridade é preciso «mergulhar, cada vez mais intensamente, no mistério da Eucaristia», pois ela, «entre tantas outras perspectivas importantes, é verdadeiramente, como recorda o Concílio Vaticano II, “o cume e a fonte do amor, da caridade”.». [Notícia completa na edição impressa do Diário do Minho]
Autor: Jorge Oliveira