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Festa do Alvarinho e do Fumeiro convida a conhecer produtores

Festa do Alvarinho e do Fumeiro convida a conhecer produtores
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Publicado em 15 de maio de 2021, às 12:27

Agentes locais esperam que a pandemia passe para voltar a haver encontro com milhares de pessoas em Melgaço.

A Festa do Alvarinho e do Fumeiro de Melgaço convida, até amanhã, pelo segundo fim de semana consecutivo, a descobrir os produtores de vinho, fumeiro e produtos tradicionais, bem como a degustar estas iguarias nos restaurantes do concelho. Os agentes locais apreciam a realização da iniciativa, que promove o melhor que o município tem para oferecer, mas sentem falta da “festa” proporcionada pelo encontro de milhares de pessoas que anualmente se juntam no evento. [caption id="attachment_204818" align="" width="374"] Restaurantes como "O Brandeiro" criaram um menu específico para a Festa do Alvarinho[/caption] Depois de uma edição em formato digital, em 2020, a Festa do Alvarinho e do Fumeiro realiza-se este ano de forma presencial, mas num modelo alternativo que cumpre as regras de segurança em vigor para travar a pandemia. Em vez da tenda gigante, por onde passava uma multidão, as adegas estão de portas abertas e os restaurantes apresentam menus especiais de harmonização dos vinhos com os produtos locais. No centro da vila, em frente aos Paços dos Concelho, há um ponto de venda, sendo também possível a aquisição aqui. Um guia de bolso, com um mapa com os aderentes e respetivos contactos, ajuda os visitantes a percorrerem o território. [caption id="attachment_204821" align="" width="664"] Ponto de venda está instalado no centro da vila[/caption] Os produtores contactados pelo Diário do Minho reconhecem o esforço feito pela Câmara Municipal de Melgaço para promover o evento ainda em pandemia, mas sentem a falta do modelo tradicional, pelo impacto que tem nas vendas, cruciais para escoar a produção das empresas mais pequenas, mas também pela “festa” que é ter milhares de pessoas a passar por um único local durante um fim de semana. No entender dos produtores, mesmo depois da crise de Covid-19, a realização das visitas tem potencial para ser conjugada com o programa tradicional do evento, dando visibilidade ao investimento que estão a fazer no enoturismo.   [caption id="attachment_204836" align="" width="374"] Carolina Osório apresenta os vinhos da Quinta de Soalheiro[/caption]   Márcio Lopes considera que, este ano, o formato adotado foi um «modelo de recurso», mas que se «for afinado» pode ter futuro, uma vez que regiões como Rioja, Chablis, Sancerre ou Borgonha já fazem a rota das adegas. Para este produtor e enólogo, «o formato anterior tem de se manter, porque é muito importante para a economia local», mas faz todo o sentido que haja dias de portas abertas para promover ainda mais a região, criando uma oportunidade para que os interessados possam conhecer os projetos de maneira mais reservada e aprofundada. [caption id="attachment_204817" align="" width="664"] Márcio Lopes convida a conhecer a adega e as suas referências[/caption]   Paulo Cerdeira Rodrigues, da Quinta do Regueiro, defende que seria mau para a região dois anos consecutivos sem a vertente presencial desta «grande festa do vinho», pelo que o modelo encontrado é «uma alternativa simpática» num tempo em que não pode haver ajuntamentos. Uma vez que a Quinta do Regueiro tem vindo a apostar no enoturismo, o produtor aplaude as visitas às adegas, mas alerta que com este modelo há um decréscimo acentuado nas vendas. Os interessados podem visitar a Quinta do Regueiro mediante marcação, mesmo fora das datas da Festa do Alvarinho. [caption id="attachment_204835" align="" width="664"] Quinta do Regueiro tem nova sala de provas[/caption]   Artur Meleiro, da Valados de Melgaço, diz que esta é uma forma de dar a conhecer o trabalho dos produtores e de divulgar a sub-região, mas é um formato que não traduz a essência da Festa do Alvarinho e do Fumeiro, que é reunir os produtores e milhares de pessoas num “piquenique” que dura três dias. «Para além do convívio, a Festa do Alvarinho valia a pena do ponto de vista comercial, porque as vendas eram significativas», enfatiza. Este produtor lembra que sempre esteve portas abertas para quem quisesse fazer visitas e assim vai continuar, bastando marcar. [caption id="attachment_204833" align="" width="664"] Alvarinho Reserva, 2019, da Valados de Melgaço acaba de receber medalha de ouro internacional[/caption]   Rui Lameira, da Quinta de Folga, destaca que «o conceito de festa» é uma questão fulcral nesta realização, que se deve manter. Contudo, sustenta que o modelo das visitas pode ser uma extensão da Festa do Alvarinho, incentivando quem costuma ir apenas um dia ao recinto da feira a permanecer mais tempo ou a voltar para conhecer os produtores e descobrir os recursos naturais do concelho. [caption id="attachment_204838" align="" width="451"] Quinta de Folga produz fumeiro tradicional de Melgaço de porco bísaro[/caption]   Hugo Gonçalves, responsável de Enoturismo da Quintas de Melgaço, refere que embora se sinta a falta do ambiente de festa, também há visitantes que apreciam o facto de poderem conhecer a adega e todo o portfolio de vinhos da empresa, bem como harmonizá-los com enchidos e queijos. Durante o certame, neste espaço, é possível encontrar a produtora de enchidos de Inês Lobato, potenciando as sinergias entre os produtores locais. [caption id="attachment_204823" align="" width="664"] Quintas de Melgaço dá a conhecer o seu portfólio em harmonização com sabores locais[/caption]   Verónica Solheiro, da Prados de Melgaço, defende o regresso da Festa ao modelo tradicional logo que seja possível, mas realça que o formato das visitas proporciona mais proximidade entre os produtores e os clientes, pelo que poderá ser implementado noutro tipo de iniciativa. [caption id="attachment_204826" align="" width="664"] Prados de Melgaço é o único produtor de queijo do concelho[/caption]   Posição idêntica manifesta Rui Esteves, da Dom Ponciano, argumentado que com este modelo se vende menos e não há a alegria proporcionada pelo encontro de grupos. «Com este modelo, as pessoas podem ir a uma adega e ficar lá o dia todo, não visitando mais ninguém», adverte. [caption id="attachment_204828" align="" width="664"] Rui Esteves na sala de provas da Dom Ponciano[/caption]   Por seu turno, João Pereira revela que a Quinta das Pereirinhas, em Monção, sempre incluiu a possibilidade de visita, que se mantém, mediante marcação, até inclui passeio de tuck-tuck, indo ao encontro da vontade dos clientes de conhecerem o projeto de forma mais personalizada. Não obstante, nota que se sente a falta do encontro dos produtores e dos clientes num único espaço, num convívio animado por um cartaz cultural com música popular. [caption id="attachment_204820" align="" width="664"] Quinta das Pereirinhas é um dos produtores de Monção aderentes à iniciativa[/caption]
Autor: Luísa Teresa Ribeiro