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Comerciantes de Fátima com esperança num regresso à normalidade em segurança

Comerciantes de Fátima com esperança num regresso à normalidade em segurança
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Publicado em 10 de maio de 2021, às 10:27

Reportagem.

Na cidade de Fátima, o nome de uma loja de artigos religiosos resume o sentimento de alguns comerciantes que, após um ano péssimo, o mesmo é dizer pandémico, querem fazer rimar esperança com segurança. “Eu não perco a esperança. Não podemos baixar os braços”, afirma Joana Luís, de 33 anos, da loja de artigos religiosos “Esperança”, recordando o ano que classifica como péssimo devido à pandemia de covid-19, que obrigou ao fecho do espaço vários meses. E quando a pandemia parecia dar tréguas e a reabertura dos espaços comerciais sucedia-se, o milagre da multiplicação de peregrinos não foi alcançado. “Estar com a loja aberta não compensava. Não havia peregrinos”, diz a jovem, que encontrou nas vendas na internet o “balão de oxigénio”. “Já tínhamos o ‘site’, mas não tínhamos tempo para nos dedicarmos”, conta a lojista, explicando que registou “um volume muito grande de vendas” ‘online’, sendo de destacar o mercado dos Estados Unidos. Notando que, para já, “Fátima só abriu para os peregrinos portugueses”, Joana Luís realça que “quem gasta mais são os estrangeiros”, desejando, também por isso, que se regresse “à normalidade das viagens aéreas”. “Continuo com esperança, os comerciantes dão garantia de segurança”, assegura a lojista. Esperança em dias melhores foi, também, o que ajudou Sandra Graça, de 44 anos, a não desistir, quando o café “Palato”, que abriu em 25 de fevereiro de 2020, fechou duas semanas e meia depois. “Não deu para ver o que isto podia dar. Muitas vezes pensámos em desistir. É um investimento que precisa de retorno e, para isso, precisamos de clientes”, refere, observando que, “como não havia histórico da atividade, os apoios são muito limitados”. Já este ano, o café tornou a fechar em janeiro, para reabrir em abril, primeiro com condicionamentos, mas para Sandra Graça “as expectativas agora são de muita esperança” e confiança, tanto mais que “os clientes cumprem as normas de segurança”. Já na loja “Virgínia”, de artigos religiosos, regionais e decorativos, a funcionária Fernanda Silva, de 55 anos, compara o estado atual da cidade-santuário com os invernos de há muitos anos, em que “era um deserto”. “Durante a semana está muito calmo. A azáfama já não é o que era. Mudou totalmente tudo”, comenta, exemplificando com as compras, parte feitas via internet, e com o resto: “Não podemos contar com o negócio, com o emprego… Hoje, nada é certo”. Porém, Fernanda Silva não tem dúvidas de que “quem é católico acaba por vir agradecer”, sobretudo a saúde. O primeiro fim de semana de maio, quando começou a última fase do plano de desconfinamento, animou comerciantes, mas o limite de 7.500 pessoas para as celebrações de 12 e 13 de maio, quarta e quinta-feira, no santuário do concelho de Ourém, distrito de Santarém, desiludiu quem esperava números diferentes. “Noutros eventos, a proporção de pessoas face ao espaço não é igual”, lamenta Luís Lopes, comerciante de 47 anos, certo de que “este ano não vai dar para recuperar o prejuízo”. Sem comentar o número máximo de pessoas em simultâneo no santuário para a peregrinação, por desconhecer os critérios, a presidente da Associação Empresarial Ourém-Fátima (ACISO), Purificação Reis, frisa que “certo é que santuário, empresários e peregrinos estão empenhados na realização de uma peregrinação tranquila, com absoluta confiança e segurança”. Em Fátima, há lojas e outros estabelecimentos que ainda não reabriram, o mesmo sucedendo com unidades hoteleiras. “Há vários hotéis que estão fechados e não vão abrir porque a procura não viabiliza a operação de forma contínua e é difícil abrir para uma única data”, sustenta o vice-presidente da Associação da Hotelaria de Portugal Alexandre Marto. O empresário de Fátima adianta que a “afluência está a aumentar, principalmente aos fins de semana, nota-se maior confiança por parte dos peregrinos e começa a ver-se algum crescimento das taxas de ocupação”. “Os visitantes estão a tornar-se mais sábios e preferem visitar Fátima em dias de menor afluência. Por outro lado, a cidade continua essencialmente vazia, porque ainda falta a procura internacional que só se concretizará com a normalização do tráfego aéreo”, acrescenta. Purificação Reis refere que o processo de reabertura se faz “gradualmente em função do aumento da procura”, mas, como a oferta “tem uma dimensão ainda muito superior à procura, mantém-se situações de encerramento de alguns estabelecimentos ou de aberturas pontuais”. “A hotelaria, a restauração e o comércio de Fátima viviam, maioritariamente, dos mais de seis milhões de pessoas que visitavam anualmente” o santuário, mas a ausência desse fluxo debilitou o tecido económico, pelo que é fundamental a retoma do turismo, nacional e internacional, defende a presidente da ACISO.
Autor: Redação/Lusa