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A Palavra de Deus na Liturgia

1. Celebra-se em 24 de janeiro, III Domingo do Tempo Comum, o Domingo da Palavra de Deus. Foi instituído pelo Papa Francisco na Carta Apostólica Aperuit Illis, datada de 30 de setembro de 2019. Tem como objetivo chamar a atenção dos crentes para a importância da leitura e vivência da Palavra de Deus. A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicou, a propósito, com data de 17 de dezembro de 2020, uma Nota em que, de modo particular, se refere à Palavra de Deus proclamada na Missa mas válida também para cada celebração litúrgica (Sacramentos, Sacramentais e Liturgia das Horas). Dela recolho os apontamentos que se seguem, acompanhados de algumas (poucas) reflexões minhas. 2. Como é do conhecimento dos cristãos a Missa tem duas partes: a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística. Esta celebra-se, obrigatoriamente, no altar. Aquela, muitas vezes, fora dele. Para proclamação da Palavra de Deus utilizam-se livros adequados com a adequada apresentação. Pede-se que se cuide da sua qualidade material e do seu bom uso. É inadequado recorrer a folhetos, fotocópias, subsídios em substituição dos livros litúrgicos. É necessário respeitar as leituras indicadas, sem as substituir ou suprimir, e utilizando versões da Bíblia aprovadas para uso litúrgico. O canto do Salmo Responsorial é recomendado; por conseguinte, o serviço do salmista em cada comunidade deve ser aumentado. Ouvir o Evangelho, o ponto alto da Liturgia da Palavra, é caraterizado por uma veneração particular, expressa não só por gestos e aclamações, mas também pelo próprio livro dos Evangelhos. A proclamação da Palavra faz-se numa estante própria a que se dá o nome de ambão. É reservado às leituras, ao canto do Salmo responsorial e do precónio pascal. Daí se podem proferir a homilia e as intenções da oração universal. É menos oportuno aceder a ele para fazer comentários e avisos ou para reger o canto. É possível anteceder as leituras com breves e oportunas admonições. 3. É importante o comportamento dos leitores. Desde a forma como se apresentam ao modo como proferem as leituras. Nem toda a gente, por muito boa vontade que tenha, deve ser escolhida para o ministério de leitor. Este requer uma preparação específica interior e exterior, familiaridade com o texto a proclamar e a necessária prática no modo de o proclamar, evitando qualquer tipo de improvisação. Ser leitor é prestar um serviço e não uma oportunidade para alguém se exibir. É inadmissível que se pretenda converter o ambão numa espécie de passerelle. 4. Na homilia os mistérios da fé e as normas da vida cristã são expostos ao longo do ano litúrgico, começando com as leituras bíblicas. Primariamente os Pastores têm a grande responsabilidade de explicar e fazer compreender a todos a Sagrada Escritura. Uma vez que é o livro do povo, todos os que têm a vocação de ser ministros da Palavra devem sentir fortemente a exigência de a tornar acessível à sua comunidade. Os Bispos, os sacerdotes e os diáconos devem sentir o compromisso de realizar este ministério com especial dedicação, valorizando os meios propostos pela Igreja. De particular importância, escreve a referida Nota, é o silêncio que, ao promover a meditação, permite que a Palavra de Deus seja recebida interiormente por aqueles que a ouvem. Recorde-se que este é um dos silêncios a observar na celebração da Eucaristia. 5. Referi alguns pontos da referida Nota. Que atinja o seu objetivo: contribuir para despertar, à luz do Domingo da Palavra de Deus, uma consciência da importância da Sagrada Escritura para a nossa vida de crentes, a começar pela sua ressonância na liturgia que nos coloca em diálogo vivo e permanente com Deus. A Palavra de Deus ouvida e celebrada, sobretudo na Eucaristia, alimenta e reforça interiormente os cristãos e torna-os capazes de um autêntico testemunho evangélico na vida diária.
Autor: Silva Araújo
DM

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21 janeiro 2021