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Pfizer Esconde Medicamento para Alzheimer? A Ética em Eduardo Lourenço

Recordar é viver, pois também o meu Pai morreu aos 79 anos sob a tortura do Alzheimer cerca dos últimos 3-4 anos de vida… De acordo com toda a comunicação social mundial, a farmacêutica multinacional “Pfizer escondeu que tinha medicamento para prevenir doença de Alzheimer”, p.e. Diário de Notícias, 5/6/2019. Assim: “Laboratório farmacêutico desistiu de investir na investigação por causa dos custos elevados e decidiu não revelar os primeiros resultados de que o medicamento poderia ajudar a prevenir a demência. Denúncia é feita pelo jornal norte-americano The Washington Post”; "O Enbrel poderia prevenir, tratar e retardar a progressão da doença de Alzheimer", refere um dos documentos a que o The Washington Post teve acesso. Este documento tinha sido preparado por um grupo de investigadores da Pfizer, que o chegou a apresentar a um conselho interno da empresa em fevereiro de 2018”; “É normal que um medicamento desenvolvido para tratar uma patologia acabe por ser usado no tratamento de outra. A Pfizer tem também um caso destes: o Viagra foi descoberto e trabalhado para tratar a hipertensão, mas tornou-se num dos maiores sucessos no combate à impotência, dando lucros milionários à empresa”; “De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima-se que em todo o mundo existam, pelo menos, mais de 47 milhões de pessoas com esta demência, um número que poderá atingir os 75,6 milhões em 2030, triplicando em 2050, podendo atingir os 135,5 milhões de pessoas”; “No entanto, o relatório da OCDE, (Health at a Glance), publicado a 10 de novembro de 2017, coloca Portugal como o 4º país com mais casos por cada mil habitantes. A média da OCDE é de 14.8 casos por cada mil habitantes, sendo que para Portugal a estimativa é de 19.9, subindo para mais de 205 mil pessoas, um número que subirá para os 322 mil casos até 2037”; “Neste momento, o Enbrel já não está protegido com uma patente exclusiva, tal como estava o Viagra quando foi descoberto que poderia atuar na disfunção erétil, por isso o lucro que poderia dar à farmacêutica não era assim tão atrativo”. Mas então não haveria responsabilidade criminal civil da Pfizer? Fica a pergunta. Quando vemos o filme de 2005 “O Fiel Jardineiro” ou The Constant Gardener do brasileiro Fernando Meirelles, baseado no romance de 2001 do britânico John le Carré – baseado em factos reais –, verificamos que a indústria farmacêutica multinacional é capaz de fazer experiências (similares às dos nazis ou ditadores) dos mais variados medicamentos e vacinas em países do chamado “terceiro mundo” para chegar a grandes lucros, nem que seja preciso torturar e matar seres humanos. Desconhece-se qual a exacta empresa farmacêutica que deu origem ao referido romance trágico, o qual acaba muito mal. Quantas experiências p.e. se fizeram a nível mundial para chegar às supostas vacinas do coronavírus19? E já estão inteiramente testados os efeitos secundários nos seres humanos? É que alguns demoram anos a se revelar. Recorde-se que, num caso paralelo, a Pfizer foi processada judicialmente, e condenada em 2011 em milhões de dólares de indemnização, depois da morte de 11 crianças na Nigéria que tinham sido submetidas a um ensaio clínico em 1996, quando a região foi atingida por surtos de meningite. As experiências de medicamentos como o Trovan ou o Ceftriaxona foram aplicadas sem autorização dos Pais. As consequências foram danos cerebrais, paralisia e ficar a falar muito devagar (terra.com.br, 2011). Portugal está de novo de luto, desta vez pelo Filósofo Eduardo Lourenço – da esquerda social profundamente auto-crítica –, que, quando perguntado na Antena 2, qual a palavra que melhor caracterizava a cultura francesa, respondeu: “merde”, pois, é a palavra que mostra insatisfação, revolta contra a injustiça. Eduardo Lourenço sabia bem que as ciências mais exactas são as ciências humanas. De que serve um grande matemático ou biomédico sem Ética, sem Humanismo?


Autor: Gonçalo S. de Mello Bandeira
DM

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4 dezembro 2020