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Mobilidade – Promessas que o vento levou (3)

Rede Ciclável: Uma das primeiras bandeiras da coligação de direita, era a construção de uma rede ciclável de 76 km, promessa que em 2014 foi enriquecida com o anúncio de que Braga iria ter ciclovias à porta de 100 mil habitantes. Com tal objectivo, Ricardo Rio alterou o Plano Diretor Municipal, onde o PS tinha deixado projectada uma rede com 29 km, aumentando-a para os tais 76 km. Por isso, não pode agora dizer que este não é o seu PDM. Já em 2016, numa conferência na Maia, o edil bracarense disse que Braga iria dispor de 80 km de ciclovias, 18 mil pessoas a andar de bicicleta e menos 25% dos carros. Entretanto, aprovou em reunião de executivo, com os votos a favor do PS – o meu inclusive – o projeto de uma rede estruturante, segura, com ciclovias segregadas na Rodovia, na Avenida da Liberdade, na Avenida 31 de Janeiro, e ainda a manutenção da ciclovia da variante da Encosta e a sua extensão até ao campus de Gualtar. Acontece que a prometida rede ciclável de 80 km foi sendo progressivamente reduzida até ser confinada a uma escassa dúzia de quilómetros. Ricardo Rio, igual a si próprio, acaba de informar os bracarenses que nem estes 12 km vai fazer, afastando a hipótese de criação da rede de ciclovias. Assim sendo, apenas vai concretizar a manutenção e extensão da ciclovia da variante da Encosta, fazendo-a chegar, de uma forma perigosa, à Universidade do Minho, no Verão 2021, mesmo a tempo das eleições. Ou seja, as verbas gastas em estudos, planos, vídeos e projetos, é dinheiro público totalmente desperdiçado já que, afinal, os projetos aí contemplados não serão executados. Mas há mais. Ricardo Rio prometeu implementar em Braga um sistema de bicicletas partilhadas com 1.200 velocípedes e 70 estações. O que hoje se vê são uns mal-amanhados pontos de estacionamento para trotinetes. Mas convirá lembrar que o PS tinha deixado, nos TUB e pronto para realizar, o TUBiclas – um sistema de partilha de bicicletas. Dizer, como afirma o presidente da Câmara, que vai apostar numa rede em coexistência entre carro e bicicleta, significa que nada vai fazer porque isso já existe: chama-se rede viária e tem mais de 1.000 km de extensão. Mas nós sabemos que não é assim que se incentiva o uso da bicicleta! Hoje, a comunidade reclama da autarquia outros investimentos. São precisas condições para as pessoas andarem a pé, para as crianças irem de bicicleta para as escolas, para os adultos irem de transporte público para o trabalho e deixar espaço para quem precisa inevitavelmente andar de carro. A implementação das redes cicláveis “pop-up” nas cidades europeias, onde se inclui Lisboa e Porto, não são soluções imediatistas. As cidades apenas recalendarizaram projectos e aceleraram a sua implementação, com soluções de mais rápida intervenção. É o tal “Urbanismo Táctico” tão propalado por Rio, mas, mais uma vez, não executado. Com um projeto aprovado em reunião de Câmara em Braga, estranho é não fazer o mesmo, ou seja, acelerar a sua implementação. Afinal Ricardo Rio prometeu “Acelerar o Futuro”, mas apenas tem sabido travar esse mesmo futuro.
Autor: Artur Feio
DM

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1 dezembro 2020