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Ponto por ponto

Estamos a um ano das eleições autárquicas. Em Braga, pouco interesse despertarão, dado que o assunto está politicamente arrumado. O vencedor está apurado por antecipação, o que é pena. A oposição tem sido tão apagada, tão desprovida de ideias e de energia que causa engulho a qualquer eleitor por mais distraído que ande da cena política caseira. Assim, não!

Ponto um - Apesar da derrota pré-anunciada, os partidos da oposição e as listas de cidadãos independentes começam a dar os primeiros toques eleitorais para conseguir fazer o melhor resultado possível. Contudo, não será conveniente avançarem com propostas requentadas, com um desfiar de promessas daquelas que nunca se cumpriram ou com uma estratégia assente numa matriz irrealista. Nada disto interessa para a cidade e para o concelho. O que interessa são boas ideias, uma dinâmica mais forte e um despertar de entusiasmo para uma mudança efectiva.

O poder camarário não poderá acomodar-se ao ciclo do “déjà vu” que não trouxe mais-valias significativas para o progresso concelhio. O guião cultural tem que ser repensado, para que propostas credíveis possam figurar na agenda das preocupações da urbe e do concelho.

Numa postura adulta e amadurecida, e removida a demagogia, é preciso que os candidatos olhem para cidade com perguntas e com argumentos. Com outro sentir e com outra alma. É preciso mais envolvimento e menos eleitoralismo. Mais entusiasmo e menos partidarite. É preciso viver e perceber os problemas da urbe e do concelho e dar-lhes a resposta necessária. Uma resposta com celeridade e acerto. E logo neste momento de muita fragilidade económica e social.

Ponto dois - A cidade e o concelho continuam com problemas estruturais que urgem ser resolvidos. A edilidade precisa de agarrar a cidade dos arcebispos, aquela cidade velha, que tem, no seu âmago, a prestar-lhe homenagem, as jóias da arquitectura e a alma brácara. A história de homens e de obras notáveis. A cidade velha irradia o élan cultural que prende pela sua leveza quem a visita. A cidade velha é a alma da urbe bimilenar que lhe confere dignidade, tranquilidade, bom gosto. É este “velho casario medieval”, construído por mentes arrojadas que precisa de dedicação e também de investimento. É preciso, por exemplo, acelerar a reabilitação urbana e regenerar humanamente o centro histórico. É preciso reconhecer as grandes figuras da cidade e expô-las na praça pública, sem estigmas e sem medos desta onda do politicamente correcto.

Ponto três - O momento actual é para repensar o que foi feito, para avaliar com critério e para tomar boas decisões. Sim, boas decisões e corajosas. Por isso, os candidatos deverão ter em linha de conta as dificuldades do país neste momento de crise generalizada. Não podem, nem devem entrar em esquemas de grande despesa ou de investimentos com efeito reprodutivo nulo. O que se gastar mal hoje, reverter-se-á em problemas, e problemas sérios, para a geração seguinte. Não temos o direito de penhorar o futuro de ninguém. E, se tivermos memória, a cidade já conheceu, em tempos não muito recuados, essa irresponsabilidade que deixou um rasto de incompreensão, de dívidas e de megalomanias que trarão consequências para décadas.

Ponto quatro - Ricardo Rio é o actual presidente da Câmara de Braga. Será, com toda a certeza, o candidato do PSD. A vitória estará, no meu ponto de vista, assegurada, o que lhe garantirá o seu terceiro e último mandato. Há perguntas, entretanto, que se podem colocar com pertinência. Será que Ricardo Rio merece ganhar? Os sete anos já cumpridos, em dois mandatos, foram conseguidos com boa obra material, com mais-valias culturais e sociais? Quais são as obras de vulto, por si incrementadas e já realizadas, que engrandecem a cidade? Será necessário tanto anúncio, tanta propaganda para fazer duas recuperações (Mercado Municipal e o Parque de Exposições)? Será desta vez que o Parque das Sete Fontes se concretizará? Que desenlace terá o edifício da “Confiança”? Por que não pensar numa obra de importância vital para a cidade como por exemplo a construção do Metro de Superfície - entre a cidade e algumas freguesias do concelho? Por que não adquirir um terreno na periferia da cidade para se instalar, em definitivo, a Feira Semanal, de modo a evitar-se aquele pandemónio na Estrada Nacional 101, junto ao estádio Primeiro de Maio? Responda, por favor, sr. Ricardo Rio!


Autor: Armindo Oliveira
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25 outubro 2020