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‘Cidadania’… tendencialmente homofílica?

Agora que vão ser retomadas as aulas, num novo ano letivo, há questões que continuam a ocupar os responsáveis da educação dos alunos, que são (ou devem ser) os pais.

Circulam na internet dois ‘manifestos’ sobre a disciplina de ‘Cidadania e desenvolvimento’ a favor ou contra o direito de objeção de consciência sobre o assunto.

- De que consta o problema? Os pais de dois alunos de uma escola de VN Famalicão, alegando objeção de consciência, não permitiram que esses alunos frequentassem, nos dois últimos anos letivos, as aulas da disciplina de ‘Cidadania e desenvolvimento’, alegando que as matérias ministradas na dita são da competência e responsabilidade dos pais e não da escola. Faltaram a essas aulas e o sacrossanto e todo-poderoso ministério da (dita) educação fez reprovar os alunos, recuando dois anos atrás, quando o conselho de turma os tinha deixado transitar de ano… Os pais recorreram ao tribunal e o assunto vai-se arrastando.

- Quais os temas ali ensinados? Os temas incluem os direitos humanos (civis e políticos, económicos, sociais e culturais e de solidariedade), desenvolvimento sustentável, educação, ambiente, saúde, interculturalidade, media, igualdade de género, sexualidade, entre outros... - Linhas do manifesto ‘em defesa das liberdades da educação’: as políticas de educação devem respeitar o direito dos pais “escolherem o género de educação a dar aos seus filhos”, em especial a objeção de consciência quanto à frequência da disciplina Cidadania e Desenvolvimento, “cujos conteúdos, aliás de facto muito densificados do ponto de vista das liberdades de educação em matéria cívica e moral, não podem ser impostos à liberdade de consciência”. - Razões do manifesto ‘a cidadania não é uma opção’: «consideramos que a disciplina Cidadania e Desenvolvimento deve continuar a fazer parte integrante do currículo, formando jovens conhecedores da importância da participação política através do voto. Reafirmamos que a aprendizagem dos Direitos Humanos e da Cidadania não é um conteúdo ideológico. É uma disciplina que permite que todos conheçam os seus direitos, respeitem os direitos das outras pessoas e conheçam quais os deveres que coletivamente têm para construir uma sociedade que a todos respeite».

= Posto isto temos um bom pano de fundo para a discussão ideológica e de campanha para as próximas eleições presidenciais…até porque alguns dos candidatos – reais ou putativos – já estão de um dos lados da barricada… e vai dar, pela certa, barracada!

Pelo que se vai percebendo das tomadas inflamadas de posição de ambos os lados, o tema é mesmo ideológico e precisa de luta para que não caia no esquecimento. Compreende-se que, quando o manifesto pela objeção apresenta cem subscritores, o outro logo surgiu com oitocentos, cinco mil e mais… As figuras e figurões, que se perfilam de um e do outro lado, já parecem mumias desenterradas de outros combates, com argumentos a roçar o fundamentalismo, numa linguagem que faz rir quem tenha ainda alguma racionalidade e bom senso… coisa que vai rareando no nosso rincão pátrio!

= Atendendo à programação da disciplina ‘Cidadania e desenvolvimento’ – curricular desde o primeiro ciclo de aprendizagem escolar – na sua multidisciplinaridade torna-se essencial saber quem ministra o quê, pois muitos dos temas podem ser ideologicamente influenciados ou até manipulados. Só quem andar muito distraído não se terá apercebido de que há uma ‘doutrina’ a veicular, fazendo frente à possibilidade dessa outra disciplina de ‘educação moral e religiosa católicas’. Com efeito, esta foi perdendo – segundo dizem – alguma qualidade e talvez interesse, até pela diminuição do número de alunos. Por isso, o confronto dos dois ‘manifestos’ é mais do que circunstancial e, ficar na espuma do problema, é fugir de saber onde estamos e para onde caminhamos…

A ver pelos indícios vislumbrados, este género de assunto parece uma hidra com bastantes cabeças… cortada uma, outras surgirão. Tendo ainda em conta o ambiente materialista em que nos vamos desenvolvendo, outras questões vão emergir para entreter o povo, enquanto os chefes se vão esgueirar por entre os fumos que lançaram em distração… Vigilantes, o mais possível!

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Tendo ainda em conta o ambiente materialista em que nos vamos desenvolvendo, outras questões vão emergir para entreter o povo, enquanto os chefes se vão esgueirar por entre os fumos que lançaram em distração…


Autor: António Sílvio Couto
DM

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14 setembro 2020