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Tempos incertos

Vivemos tempos de indefinição, de incerteza. O cenário que temos em pano de fundo levanta-nos mais questões, do que decisões ou certezas. A Escola tem um desafio pela frente, como nunca enfrentou.

O Desporto pode ter minas armadilhadas nos campos onde se expressa. Portugal e o mundo continua com infeções e mortes, mas o maior desafio é a possibilidade de um pico de contágios e o agravamento da saúde pública. Por enquanto, o plano é regressar às escolas, aos campos, às pistas, seja em regime de treino, mas também às competições.

As Escolas perspetivam regressar às aulas presenciais, mas tudo poderá mudar e, eventualmente, teremos de dar uns passos atrás neste regresso, tão esperado. Qualquer que seja o cenário em agosto ou setembro, é preciso criar um ambiente de diálogo aberto, de vigilância permanente, em busca do rigor na aplicação das medidas de mitigação e em encontrar algumas soluções consensuais, entre os diversos agentes da Educação e do Sistema Desportivo, de forma a recolocar a Educação Física, o Desporto Escolar e o Desporto ao serviço da educação, de uma vida ativa, da saúde pública e a uma vida cada vez mais humana. Portugal, passou de herói a vilão. Foi elogiado, numa primeira fase, pelas medidas e pelos números contidos. Nos últimos tempos, até parecia que nosso país era o rosto do contágio, estava descontrolado, mas hoje percebe-se que nenhum país está a salvo deste vírus, que todos estamos vulneráveis e sujeitos à sua vontade. Mas, há uma verdade: é preciso retomar a vida. Eventualmente, correndo algum risco, nem que seja mínimo.

Desde o primeiro momento, que eu defendo que as medidas devem ser “cirúrgicas” e não na mesma escala para todos, mas acima de tudo, coerentes, com os princípios rigorosos de ação e de conduta social. É lógico que é importante voltar a uma vida social ativa, a poder praticar desporto e a poder desfrutar dos prazeres da vida. É importante não hipotecar as gerações mais novas, no que toca à sua atividade e formação pessoal, mas não podemos ser imprudentes e deitar tudo a perder.

Para encontrarmos um plano de menor risco e equilibrado, só consigo decifrar um caminho: definição e aplicação de protocolos rigorosos de higienização dos espaços públicos e de protocolos de atuação, com mitigação do risco, em que todos, mas mesmo todos, assumam este desafio como uma “missão coletiva”.

Não adianta, por exemplo, colocar a máscara dentro da escola e depois não cumprir qualquer medida restritiva ou cuidada na rua. Não é correto exigir comportamentos rigorosos e depois sairmos à rua com festejos amontoados, bebedeiras coletivas, junções nas praias, ou seja, despreocupação e não cumprimento de regras. Penso que, se as pessoas continuarem a não querer colaborar nas medidas de contenção da doença, se deva exigir pagamento de multas severas e que estes valores revertam diretamente a favor do SNS.

Apesar da exigência e da alteração do modus operandi do nosso dia-a-dia, é possível, voltar a ter movimento, alegria em aprender, em conviver, em praticar Desporto e a voltar a sorrir. Apesar de a máscara o tapar…

Cuidem-se e sejam felizes!


Autor: Carlos Dias
DM

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17 julho 2020