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Concentrar no essencial…

Enquanto estudante, entre muitas aprendizagens, uma ficou para a vida desportiva, da docência e não só - a importância de nos concentrarmos no essencial. E, nestes tempos de confinamento, isso cinge-se a: reduzir contactos sociais, higienizar constantemente as mãos, uso de máscaras certificadas, evitar deslocações. Devemos ainda ter especial atenção aos grupos de risco, entre os quais se contam pessoas com doenças associadas ou idade mais avançada. Assim, todos devemos pugnar para que estas normas sejam cumpridas, não só pelo indivíduo comum que influenciará os que lhe são próximos, mas também pelo cidadão “colunável”, cujas atitudes podem servir de exemplo para muitos. Pelo exposto, é de difícil compreensão uma situação acontecida recentemente, associada ao reinício das competições futebolísticas. Refiro-me concretamente a um ajuntamento no Palácio de S. Bento, envolvendo o 1.º ministro e respetiva entourage educativa/desportiva, bem como (putativos) representantes do futebol nacional. Nada a opor à presença dos presidentes da FPF e da LIGA de clubes, órgãos que, supostamente, detêm poder de decisão em tudo o que ao futebol respeita. O que não compreendo e, como tal, aguardo assunção de responsabilidades de quem de direito, é como em pleno estado de emergência nacional, se tiram de casa dois senhores que integram o chamado grupo de risco, pela avançada idade e por recentemente terem sido submetidos a cirurgias, e/ou aconselhados a evitar emoções fortes. Refiro-me, obviamente, a Pinto da Costa (82 anos) e a Luís Filipe Vieira (71 anos). Podem argumentar que foram tomadas as devidas precauções, ao requisitarem um médico militar da reserva, o dr. Frederico Varandas, para os acompanhar, no entanto, quem segue os meandros futebolísticos, sabe que o Dr. não exerce atualmente, e ninguém acredita que os dois cavalheiros lhe reconhecessem algum ascendente que os levasse a seguir as suas indicações. Se dúvidas houvesse, foram prontamente desfeitas pois, nem o básico e essencial - distanciamento social e máscaras – foi cumprido, quer pelos cidadãos do grupo de risco, quer pelo médico acompanhante. Nas últimas décadas foram incontáveis os pedidos para que a aproximação social destes senhores fosse uma realidade, tentando-se, dessa forma, evitar inúmeras situações de violência e tumultos entre adeptos, antes, durante e após jogos de futebol. Agora, sem futebol e em pleno estado de emergência nacional, “furam” o isolamento social e recolhimento, juntam-se e vão passear a S. Bento. Podem argumentar que o momento o justificava. Não é verdade. Daquela reunião com dois “Papas do futebol”, obviamente que não podia sair, nunca, fumo branco. Confesso que interessado em derrotar a pandemia, estas “faltas” (de decoro) e estes “fora de jogo” constantes, não assinalados pelo VAR, me deixam apreensivo. Cá por casa, continuarei a dar o meu contributo, tentando brincar com coisas sérias e mantendo o foco no essencial, para que todos fiquemos bem.
Autor: Carlos Mangas
DM

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1 maio 2020