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Quando a terra quase parou!

Com a chegada do Covid-19 a terra quase parou!

Não o planeta, não a terra natureza, mas a humana, a das pessoas.

Uma parte da terra disse-nos que estava antes de nós e nós não podemos estar para além daquela.

Todos paramos, reduzimos, evitamos, sofremos o isolamento, mas a mãe natureza explode, não pára, não espera.

As estações sucedem-se, e sucederão, o planeta gira sobre si mesmo e mantém-se imparável na sua órbita, os pássaros vão e vêm, o verde e outras cores dos campos, das árvores, das flores eclodem.

Tudo à margem das nossas angústias, dos nossos medos ou esperanças. O Universo continua…

Criamos necessidades que a natureza desconhece; talvez esta fase seja uma transformação para que melhoremos ou nos renovemos e progridamos.

Tão grande e evoluídos somos, tão pequenos e frágeis ficamos; sentimos a nossa fraqueza em alguns dias, talvez meses, mas para a natureza universal são relâmpagos na eternidade.

A natureza prova todos os dias que o seu poder ultrapassa os limites do testemunho dos nossos sentidos.

A grande questão é se, apesar do progresso ser uma condição da natureza humana, não está aquela sempre acoplada à força das coisas, ao poder da força viva que vai muito mais além de nós.

Ainda agora adiantamos uma hora, gostaríamos que fosse um ano; aquelas horas que para muitos antes pareciam poucas agora parecem infindáveis. Travamos a fundo!

Será que a natureza se cansou de nós? Será que nos quer dar uma lição expedita? Será que estamos a exagerar por nos termos esquecido de passados maus? Será que…

As perguntas que todos fazemos, mas sem resposta imediata o que mais aperto nos provoca!

O ser humano procura um sentido para tudo e será que isto tem um sentido?

Uma coisa é certa, far-nos-á pensar nas respostas, no sentido da vida. Talvez – certamente que sim – encontremos uma forma de vencer o vírus, mas podemos nunca encontrar uma resposta da causa última e do seu porquê.

Hoje estamos muito melhor preparados que os nossos antepassados nesta capacidade para, em conciliação (e deve ser essa uma das palavras de ordem) encontrarmos a sentença final para esta tormenta.

E descubramos que não podemos continuar com uma sociedade afunilada, de costas voltadas, supérflua, falsa, egoísta, desumana.

Pode ser que esta tempestade nos devolva algo que se terá perdido num qualquer tempo lá atrás e no que é mais profundo no ser humano. O day after pode ser ainda penoso!

Mas isto são somente os talvez e as incógnitas do momento.

Por enquanto de dia canta a natureza, de noite canta o silêncio.

O medo, o escuro só pode dar lugar à luz, só não conhecemos o quando.

Que seja para breve. Fiat Lux!


Autor: António Lima Martins
DM

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5 abril 2020