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Da mensagem do Papa

Da mensagem do Papa Francisco para a Quaresma que estamos a viver destaco três ideias: a necessidade da oração; a presença de Cristo nos outros, particularmente nos mais fragilizados; a conversão. 1. A oração é fundamental na vida cristã (Mateus 7, 7-11). Oração baseada na certeza de que somos amados por Deus e chamados a viver em união com Ele. Oração que é diálogo e não monólogo e pode incluir a leitura orante da Palavra de Deus. A oração exige a ida ao deserto, isto é, a criação de um ambiente favorável a que se realize. Há oração individual e comunitária; nesta, incluídas a oração conjugal e familiar. Grandes inimigos da oração são a pressa em que se vive; a falta de uma correta escala de valores onde o secundário facilmente se sobrepõe ao principal; a falta de uma boa gestão do tempo e de uma auto-disciplina. 2. Presença de Cristo nos outros, particularmente nos mais fragilizados. Lê-se na referida mensagem: «Colocar o Mistério pascal no centro da vida significa sentir compaixão pelas chagas de Cristo crucificado presentes nas inúmeras vítimas inocentes das guerras, das prepotências contra a vida desde a do nascituro até à do idoso, das variadas formas de violência, dos desastres ambientais, da iníqua distribuição dos bens da terra, do tráfico de seres humanos em todas as suas formas e da sede desenfreada de lucro, que é uma forma de idolatria». À sua presença nos outros se referiu Jesus. Disse-o ao Convertido de Damasco: «eu sou Cristo, a quem tu persegues» (Atos dos Apóstolos 9, 1-7). «O que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos. a mim o fizestes», disse também. No nosso encontro com Ele, quando daqui partirmos, seremos premiados pelo amor que Lhe dedicamos na pessoa dos outros: tive fome… tive sede…(Mateus 25, 38-48). Cristo anda connosco. É nosso companheiro, embora nem sempre disso nos apercebamos, à semelhança do que sucedeu aos caminhantes de Emaús(Lucas 24, 13-35). É fácil, para quem tem fé, ver Jesus: basta olhar para os lados ou em frente. 3. Conversão. Mudança de rumo. Ajuda a tomar consciência da necessidade de mudança o exame de consciência, que se recomenda seja prática diária. Daí pode surgir a celebração do Sacramento da Reconciliação, esse encontro com a Misericórdia de Deus que tudo esquece e tudo perdoa desde que haja arrependimento e propósito de emenda. Alude o Papa também à conversão da política, vivendo-a como forma eminente de caridade. Política que deve ser serviço em benefício do bem comum e não oportunidade para se servir e servir os seus. Política que se deve libertar de espartilhos ideológicos para ter em conta o bem do ser humano na sua globalidade, servindo todo o homem e o homem todo. Refere também o Papa a conversão da economia, que deve contribuir para uma sociedade cada vez mais justa, onde o enriquecimento de uns se não faça à custa da miséria dos outros. Onde a busca do lucro tenha em conta as justas necessidades dos outros. Onde desenvolvimento se não identifique com simples crescimento económico. Onde o direito à propriedade privada se não esqueça de que Deus criou o mundo para todos e não para meia dúzia de chicos-espertos que, obcecados pelos interesses pessoais, ignoram o direito de todos a uma vida digna. A partilha, na caridade, lê-se na mensagem, torna o homem mais humano; com a acumulação, corre o risco de embrutecer, fechado no seu egoísmo. Tendo em vista a conversão da economia o Papa lembra ter convocado para Assis, de 26 a 28 deste mês, jovens economistas, empreendedores e transformativos, com o objetivo de contribuir para delinear uma economia mais justa e inclusiva do que a atual. Pena que tenha sido adiado por causa do Covid-19.
Autor: Silva Araújo
DM

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12 março 2020