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O Coronavírus e o comportamento individual

O Coronavírus já chegou, avassalador, à comunidade bracarense. Esta epidemia avança a um ritmo muito superior ao conhecimento que se adquire sobre ela e é profundamente anti social. Assim, o importante é ouvir e seguir quem percebe do assunto. Há, no entanto, questões de cidadania sobre as quais importa refletir. Em primeiro lugar merece aplauso a intervenção do Reitor da Universidade do Minho e da sua equipa pela rapidez e coragem com que atuaram, na tentativa de minimizar ao máximo os custos que esta epidemia poderia acarretar para a comunidade universitária. Esta decisão, tomada num fim de semana e em colaboração com a Direção Geral da Saúde, serve de exemplo nacional e é seguida por diversas instituições e empresas. Não há absolutamente nenhum bem superior à vida humana. Nenhum interesse económico, científico, social, financeiro se pode sobrepor a ela. É importante não entrar em pânico, mas também é de evitar, pelos seus elevados custos, o “nacional porreirismo” e o adiar de decisões, tão típico da mentalidade portuguesa. Conforme se pode perceber, a China, e depois o mundo, pereceram muito pela pouca importância ou mesmo desprezo com que olhou para a doença no seu início. O próprio médico oftalmologista que a denunciou – agora herói nacional – foi perseguido pelas autoridades chinesas pelo pretenso alarmismo com que anunciou esta maladia. Li Wenliang, lamentavelmente, morreu no hospital de Whuan infetado por ela. Aliás, face às epidemias anteriores que a China ofereceu ao mundo, já não era sem tempo que a ONU, a União Europeia, os G7 exigissem medidas corretivas da China face à maneira como lida com a sua alimentação. Só assim se pode evitar o aparecimento de outras epidemias no futuro. Vê-se também como o COVID-19 cavalou em Itália. A tradicional boémia dos italianos e algum desconhecimento, aliado ao desprezo com que enfrentaram a doença no seu início, levou às consequências dramáticas que todos sabemos: muitos doentes e mortos, toda a Itália em quarentena, os locais com público encerrados e os serviços de saúde e economia num caos. Até o Papa, no Vaticano, fez a sua oração dominical pela internet! Assim sendo, é decisivo dar importância máxima a esta epidemia. Temos, no entanto, de nos preparar para ela, adotar os comportamentos individuais adequados, mesmo que sejam difíceis, no intuito de ganharmos tempo, enquanto não aquece e não se descobre um tratamento ou vacina adequada. O comportamento dos mais novos e saudáveis é decisivo. Se a doença mal os afeta, podem, no entanto, transmiti-la aos mais idosos e doentes. Este público, com um comportamento adequado, evita também o gasto do tempo dos profissionais, o uso de instalações, equipamentos e medicamentos que devem acudir os inúmeros casos mais graves. Esperemos todos que o Serviço Nacional de Saúde – tão afetado com os governos da geringonça – consiga cumprir a sua função. Este governo e os partidos comunistas que o suportam deveriam pôr de lado a sua infundada carga ideológica e perceber que os serviços de saúde privados têm também de atuar em colaboração, em complemento, ou mesmo, quando se justificar, em substituição do SNS. Agora é o tempo de ouvir e seguir os especialistas que sabem da doença, embora a sociedade civil deva estar atenta. Aprendamos com Macau onde, até agora, o COVID-19, praticamente desapareceu. A Câmara Municipal, em quem os bracarenses confiam, suspendeu vários serviços municipais, está a adaptar os seus serviços e de todas as empresas municipais para a proteção quer dos seus trabalhadores quer às novas exigências do atendimento público e incitará toda a população a tomar as necessárias medidas de proteção e combate à doença. Ouçamos e sigamos as entidades responsáveis – Direção Geral de Saúde, Autoridade Nacional de Proteção Civil e Câmara Municipal – e, assim, já estaremos a combater eficazmente o COVID- 19, numa luta cujo comportamentos individuais são decisivos para a vencer.
Autor: Joaquim Barbosa
DM

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11 março 2020