twitter

Ponto por ponto

Prossegue a passos largos o terceiro ano do segundo mandato autárquico de Ricardo Rio (RR) à frente da gestão da edilidade. Já vai sendo tempo, no entanto, deste autarca “acertar as contas” com os eleitores e com os bracarenses numa perspectiva ampla de avaliação pública. Este acerto tem que ser feito, acompanhado e esclarecido, passo a passo, e fora das páginas coloridas dos jornais, das cenas propagandísticas em trânsito contínuo e do âmbito estritamente político para evitar contaminações de ordem partidária.

Seis anos de gestão majoritária significa que o RR continua a ter todas as condições para fazer uma boa governança. Condições acrescidas e fermentadas por um clima económico favorável em vigor na Europa e, mais significativas ainda, com o contributo de uma oposição demasiado fraca e inofensiva para lhe empecilhar o desempenho tranquilo e confortável, quer na cidade, quer no concelho. A oposição, de facto, nestes últimos anos, não valeu um chavo. E, por certo, continuará acomodada no seu canto e num silêncio incompreensível que tem caracterizado bem a sua prestação dúbia e medrosa. Em suma: esta oposição socialista não presta, simplesmente. E quando assim é, o poder em exercício pouco melhor pode fazer.

Ponto um - Seis anos de mandato, seis orçamentos executados na totalidade e sete aprovados. Se fizermos contas simples, verificamos que o resultado aponta para um montante a rondar os 700 milhões de euros que RR teve nas suas mãos para gerir. De facto, 700 milhões de euros é muito dinheiro para uma cidade de pequena-média dimensão no contexto europeu. E quando RR recebeu o poder em 2013, os socialistas afirmavam, sem papas na língua, que, em termos de obras, ou seja, investimentos, estava tudo feito.

Ponto dois - Voltemos aos 700 milhões de euros, porque esta verba gera umas tantas perguntas que podem colocar-se com toda a legitimidade e acerto. O que foi feito com esse dinheiro? Foi bem gasto? Foi bem aplicado? Foi esbanjado? Houve retorno financeiro que se reverteu em melhorias na vida social, económica e cultural dos bracarenses? Como está o património municipal? Porque se quer alienar a “Confiança”? Qual é a necessidade? Não será uma estupidez? Em que ponto está o Parque das Sete Fontes? Ainda em negociações? Até quando?

Ponto três - Se estivemos atentos ao que se tem passado na edilidade no que toca a investimentos, e com a ajuda dos fundos europeus, podem destacar-se as seguintes obras: requalificação do Parque de Exposições, Altice Fórum, no valor de 8 milhões de euros; requalificação da Pousada da Juventude no valor de 1,4 milhões de euros; requalificação do Mercado Municipal no valor de 4,2 milhões de euros e sem derrapagens. Outros investimentos de menor impacto social e político foram feitos, é verdade, mas pouco valor acrescentaram ao desenvolvimento do Município. Para a terceira cidade do país, este montante de investimento, em seis anos, é irrisório e não tem qualquer significado, sendo umas migalhas do bolo de 700 milhões de euros. Perante este módico investimento, é preciso repensar a dinâmica da economia municipal para conferir uma outra imagem à municipalidade, principalmente às freguesias não-urbanas que bem preciso é.

Ponto quatro - Gerir o dinheiro dos contribuintes, em todas as suas dimensões e ao cêntimo, deveria merecer muito cuidado e muito respeito por parte dos poderes instituídos nas Juntas de freguesia, nas empresas municipais, na Câmara Municipal e em todas as instituições públicas. Para quem mexe com o dinheiro dos outros é exigível um comportamento irrepreensível de seriedade e de rigor, pois é isso que os bracarenses merecem e exigem.

Com uma gestão criteriosa e responsável é possível fazer milagres. Em Braga, tem havido esse milagre na gestão da edilidade? A resposta suscita-me muitas dúvidas, pelo menos. Os números assim o dizem. Não vale a pena dissertar mais acerca da herança negra do endividamento e dos compromissos exorbitantes que os socialistas deixaram ficar para trás. Isso é passado.

Para resolver o problema financeiro que asfixia a edilidade, é preciso encarar esse problema de frente, fazer sistemáticas e ponderadas avaliações, cortar no desperdício, agilizar serviços, exigir comportamentos laborais aos funcionários que primem pela excelência. É preciso, enfim, saber “gastar’ o dinheiro que é de todos. Não acha senhor Ricardo Rio?!


Autor: Armindo Oliveira
DM

DM

23 fevereiro 2020