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Famílias vão pagar mais que as empresas para terem acesso à água da rede pública

Famílias vão pagar mais que as empresas para terem acesso à água da rede pública
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Publicado em 26 de janeiro de 2020, às 14:22

Valores indicados nos novos tarifários revelam que custos fixos mensais mínimos das famílias com tarifas fixas de resíduos urbanos, da água da rede pública e de águas residuais fica na casa dos 12 euros.

As famílias bracarenses que tenham um contador de água com calibre de 15 mm vão pagar por mês, em 2020, 4,55 euros de tarifa fixa de disponibilidade de água. O encargo, que é pago independemente de haver ou não consumo de água, é superior em 22,27 por cento à taxa que a Empresa de Águas, Efluentes e Resíduos de Braga (Agere) se propõe cobrar aos consumidores não domésticos que também sejam servidos por contadores de 15 mm. O tarifário que a Agere submete à reunião de vereação de amanhã, dia 27 de janeiro, estipula que as entidades coletivas - empresas, incluindo hotelaria e restauração, autarquias e empresas municipais - paguem cerca de 3,72 euros, no caso de o acesso à água da rede pública ser feito com o contador de calibre mais baixo. Também os agregados familiares que vivem em situação de graves dificuldades económicas são colocados num tarifário em que o acesso à água da rede pública é mais caro que o das empresas, nos casos em que o calibre do contador é de 15 mm. O tarifário faz, no entanto, a ressalva de que o valor mensal em torno dos 4,55 de tarifa fixa de disponibilidade de água é descontado na íntegra, se os utentes comprovarem, no Balcão Único da Câmara Municipal de Braga a situação de carência económica e solicitarem a respetiva inclusão no tarifário social. Trata-se, no entanto, de uma diligência que a grande maioria das pessoas e/ou famílias não faz. Na conferência de imprensa da passada terça-feira, dia 21 de janeiro, em que anunciou as novidades do tarifário a aplicar nos resíduos urbanos, o presidente do Conselho de Administração da Agere, Rui Morais, afirmou que «há menos de mil clientes a beneficiar do tarifário social». O baixo número face aos casos de pobreza existentes no concelho - só a beneficiar de Rendimento Social de Inserção há cerca de 3000 pessoas no concelho de Braga - foi explicado pela «vergonha das pessoas» em mostrarem que vivem com dificuldades financeiras. Também as Instituições Particulares de Solidariedade Social são isentadas do pagamento da tarifa fixa de acesso à água da rede pública, caso sejam servidas por um contador do calibre mais baixo. O custo de cerca de 3,72 euros, previsto no tarifário, é descontado na fatura, estipula a proposta de tarifário. Mas se for usado qualquer outro calibre, as instituições de solidariedade, que não têm fins lucrativos, pagam exatamente o mesmo que as empresas que visam o lucro, podendo encargo ultrapassar os 29 euros por mês, no caso de contadores com calibre de 100 mm.
Autor: Joaquim Martins Fernandes