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Celebrar os Santos em vez do Dia das Bruxas

A evolução dos tempos pode, às vezes, influenciar as tradições, que podem de algum modo ser abaladas devido a interesses económicos e não só. O diabo existe! Mas só será assim, se nós pactuarmos. Temos sempre a responsabilidade e a oportunidade de, num estado democrático dar o nosso contributo, no sentido de chamar a atenção para as suas consequências negativas, em prol da sociedade e do bem comum.

Gostaria de dar um enfoque especial à Solenidade de Todos os Santos, que se celebra no dia 1 de Novembro, desde o século VIII, no sentido de procurar ajudar a reforçar a fé cristã, as tradições seculares, face ao eclipse que se vivencia devido à festa pagã denominada Halloween.

Segundo o Papa São João Paulo II, celebrando a festa em honra de todos os santos, propõe à nossa meditação alguns elementos fundamentais da nossa fé. Neste dia, com alegria, na companhia dos anjos, a Igreja convida-nos a levantar o pensamento para essa imensa multidão de homens e de mulheres que se santificaram nesta vida e já se encontram no Céu.

Trata-se de uma alegria límpida, genuína, corroborante, como a que se encontra numa grande família, nas suas raízes. A Família é a dos Santos, os do Céu e os da terra. São aqueles que como nós passaram inúmeras dificuldades na terra, lutando com toda uma série de dificuldades, também de tentações. Venceram. Encontram-se no Céu, depois de terem passado por este mundo semeando amor e alegria. Santa Teresa fazia a seguinte oração: “Ó almas bem-aventuradas, que tão bem soubestes aproveitar e comprar herança tão deleitosa…, ajudai-nos, pois estais perto da fonte; obtende-nos água para os que aqui perecemos de sede!”

Na verdade, neste dia, temos a alegria de festejar a cidade do céu, onde se encontram os nossos irmãos os santos. E, enquanto caminhamos para alcançar o céu, temos de reunir boas obras. Jesus disse: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.

Nunca pensaram que seriam santos, muito pelo contrário, alguns não tiveram ocasião de realizar grandes façanhas na terra, cumpriram o melhor possível os seus deveres diários, tiveram erros e faltas de paciência, foram vencidos aqui e ali pela preguiça, tiveram reações de soberba, tiveram talvez pecados graves. Mas arrependeram-se e recomeçaram depois de uma confissão contrita. Sempre pensaram que iriam precisar de uma grande misericórdia de Deus. Mas todos estamos chamados a ser santos. “Vinde a mim todos os que trabalhais e estais sobrecarregados e eu vos aliviarei”.

Na realidade, uma multidão de amigos e familiares aguarda-nos no Céu. Os santos podem-nos prestar ajuda, não só porque a luz do seu exemplo brilha sobre nós e torna mais fácil ver o que temos de fazer, mas também porque nos socorrem com as suas orações, que são fortes e sábias, ao passo que as nossas são frágeis e cegas.

Quando numa noite de novembro, contemplardes o firmamento repleto de estrelas, pensai nos inúmeros santos do Céu, que estão dispostos a ajudar-nos… Ficaremos cheios de esperança nos momentos mais difíceis. (F. Fernandez-Carvajal in Falar com Deus). Já S. Josemaria no seu livro Caminho, 582, escreveu: “Que bela é a nossa Fé Católica! – Dá solução a todas as nossas ansiedades, e aquieta o entendimento, e enche de esperança o coração”.

Face a tudo o que acabei de expor, é com algum grau de dificuldade que observo a festa pagã Halloween. Seria muito bom devolver ao Dia de Todos os Santos o seu verdadeiro sentido, ou seja, celebrar aqueles que heroicamente alcançaram o céu.

Que em vez das alusões ao modo como se apresenta a vida e a morte, o bem e o mal, aos disfarces que, se revelam “assustadores”, segundo palavras de uma criança, se celebrasse a vida de Todos os Santos, com crianças vestidas de anjos e de santos, como já se faz nalgumas paróquias e em muitas cidades do mundo. Seria bem mais positivo, cheio de luz e de encanto, transbordando de alegria e recriando a esperança.

Aldo Buonaito no seu livro Halloween – a travessura do diabo, refere: “As festividades associadas a denominação de Halloween são simples brincadeiras, ou melhor, simples pretextos lúdicos?

Através de uma séria investigação, desde as suas origens europeias e não americanas, como comummente se admite, o autor defende um poderoso argumento que prova que estamos em presença de um reavivamento de cultos de origem pagã que, agora, a pretexto do culto dos Santos e dos mortos de inscrição cristã, pretendem reimplantar, por reinterpretação simbólica, essas ancestrais celebrações, aproveitando a deriva religiosa propiciada pela secularização e pelas novas e ditas «suaves e propiciadoras» correntes espiritualistas da New Age.

Eleanor Roosevelt afirmou o seguinte: “É mais inteligente ter esperança do que ter medo, tentar algo do que não tentar. Há uma coisa que sabemos, sem dúvida, que nunca conseguirá alcançar algo, quem diz: ”Nada se pode fazer”. O Papa Francisco recentemente referiu: “Jonas é obstinado em suas convicções de fé e o Senhor é obstinado em sua misericórdia. Porque Jesus quer amar para sempre, quer salvar, não condenar”.

Termino este artigo denominado: “Celebrar os Santos em Vez do Dia das Bruxas”, falando de amor”. Edith Stein parafraseou: “O amor que alcança a sua perfeição, exige o dom recíproco das pessoas”. Já que amar significa dar e receber o que não se pode comprar nem vender, mas apenas oferecer livre e reciprocamente”. Vamos empenhar-nos através da intercessão da Virgem santíssima, em devolver toda a dignidade à Solenidade de Todos os Santos.


Autor: Maria Helena Paes
DM

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22 outubro 2019