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Ponto por ponto

A mente que se abre a uma nova ideia, jamais voltará ao seu tamanho original”- Oliver Wendell Holmes - médico e um dos maiores escritores americanos do séc. XIX (1809 - 1894)

Ponto um - É preciso continuar a “mexer” com a nossa cidade. É preciso que a cidadania se exerça com inteligência e sentido da responsabilidade. É preciso que, do outro lado, os mandantes da cidade estejam despertos, abram os olhos e façam a respectiva reflexão para não entrarem no jogo fácil da oferta vistosa, barulhenta e pouco ou nada consequente. É preciso que Braga se torne e se imponha como uma cidade cultural, amiga das pessoa e economicamente sustentável. Ainda está longe desta realidade.

Vou continuar a dar o meu contributo nesta matéria, para abrir outras janelas de reflexão e apontar outros caminhos, quiçá, mais enxutos e mais transitáveis na grande aspiração de ver a cidade como uma referência urbana de qualidade e, daí, um destino turístico de eleição. Uma cidade equilibrada sob o ponto de vista social e com um sentimento cultural definidor de urbanidade e de orgulho pelas suas raizes, pela sua história e pelas suas gentes.

Ponto dois - Braga e o seu edificado- Nesta matéria, a ideia fundamental é preservar, conservar e valorizar para o colocar ao serviço das pessoas, como gerador de riqueza e ainda como factor de conforto citadino. Já se cometeram erros clamorosos neste campo, ainda num passado recente. É verdade. Erros e muitos erros. É preciso apelar aos mandantes para não cair na tentação fastidiosa de aplicar a mesma “receita de desenvolvimento”, apesar dos tempos serem outros. Em todo o caso, a inteligência, a maturidade e a sábia sensatez devem estar sempre presentes para a tomada da boa decisão. Boa decisão, isso mesmo! A todo o tempo e em todo o lugar. Sem hesitações e sem cedências.

Uma medida inteligente a tomar seria usar o excedente das receitas fiscais no valor superior a cinco milhões de euros e o excedente orçamental na valorização e melhoria do património construído na cidade. E, por certo, este investimento traria retorno. Não é difícil fazer este exercício.

Assim, e repetindo o que já sugeri em tempos nas páginas deste Diário, avanço com a ideia clara de o executivo acabar de vez o convento do Pópulo.A altura é ideal, uma vez que a sua igreja vai entrar em obras de conservação e de beneficiação a curto prazo. Juntava-se o útil ao agradável. É um bom desafio para a edilidade e, perfeitamente, exequível. Dinheiro há.

Ponto três - Por falar no convento, não consigo perceber o disparate cometido de se ter colocado o espaço ”Balcão Único” logo na sua porta principal, impedindo a visita franqueada do cidadão a este edifício seiscentista que tem uns painéis de azulejos, e não só, dignos de serem vistos e apreciados. Será que não haveria outra alternativa em termos estruturais para se instalar esta estrutura de apoio ao cidadão?

Ponto quatro - “O ralador de cenouras” - Outro erro cometido e que viola o tempo e a história da cidade reside no facto de se ter colocado o monumento a “Salgado Zenha” naquela praceta, junto ao convento do Pópulo. Não será o mesmo que beber um bom Porto numa tigela esbeiçada de barro? Estraga-se o Porto e retira-se qualidade “histórica” à tigela. O “Ralador de Cenouras” não condiz com o espaço barroco em que está inserido. Se se colocasse esta peça escultórica na zona nova da cidade, por exemplo, na rotunda do edifício “Primavera”, aí sim, era perfeitamente aceitável e congruente com o tempo, honrando Salgado Zenha como uma figura política contemporânea. E assim tudo ficava nos seus conformes.

Ponto cinco - Ainda na mesma praceta existe o edifício do antigo Tribunal da cidade. É particular e está em ruínas. Lamenta-se a degradação e logo nesta zona nobre da cidade. Não fica bem. É uma espinha aguçada no sentir da cidade. O edifício tem interesse arquitectónico e valia histórica. A sua aquisição seria pertinente e ousada. Uma boa saída para edifício seria dotá-lo de condições para ser a “Casa da Música” da cidade. Que bem preciso era! Não era, srs. autarcas?


Autor: Armindo Oliveira
DM

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13 outubro 2019