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«Governo passou totalmente ao lado do distrito de Braga»

«Governo passou totalmente ao lado do distrito de Braga»
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Publicado em 30 de setembro de 2019, às 06:00

André Coelho Lima, cabeça de lista do PSD pelo círculo eleitoral de Braga às eleições legislativas, considera que o Governo desprezou o distrito nos últimos quatro anos e defende que os 14 concelhos têm que saber falar a uma só voz. Na sua ação parlament

Diário do Minho (DM) - Qual foi a principal razão que o levou a ser cabeça de lista do PSD por Braga às próximas eleições legislativas? André Coelho LIma  (ACL)  A primeira, obviamente, foi aceitar o convite feito, encarando a responsabilidade que me foi dada como a possibilidade de fazer algo diferente por esta região, quer ao nível da campanha, quer no exercício do mandato de deputado.  DM – Defende que a política deve servir para resolver problemas concretos das pessoas. Com o que é que se compromete na resolução de problemas concretos da população do distrito de Braga? ACL – Isso é muito daquilo que é a marca desta candidatura ou seja uma candidatura que assenta em dois pilares: proximidade e afirmação. A proximidade dá essa resposta, porque proximidade implica ter um conhecimento real das reivindicações de cada uma das comunidades. Cada um dos 14 concelhos, independentemente do partido que dirige a Câmara, tem as suas ambições e projetos. O meu compromisso é saber exatamente quais são essas ambições e projetos e lutar por eles no patamar parlamentar.  DM – Defende que um deputado deve ser um parceiro dos autarcas da região? ACL – Sem dúvida, porque cada presidente de Câmara representa os legítimos anseios de uma comunidade. Por isso, um deputado ou grupo parlamentar deve ser um "auxiliar" dos autarcas da nossa região, independentemente das cores políticas que representam.   DM – E qual é o principal problema que lhe ocorre para resolver a favor do distrito? ACL – Não vou referir um problema específico, mas um problema concreto que gostaria de ver considerado é a necessidade de começar a ver o distrito e a região que representamos com a importância que merece ser olhada e distinguida.  DM – Isso significa dizer que nos investimentos do Governo o distrito de Braga não teve o reconhecimento que merece? SF – Significa claramente isso. O distrito de Braga passou totalmente ao lado do último mandato governativo. Temos estado a recordar aqueles que foram os compromissos do Governo nos vários concelhos do distrito e vemos que praticamente nenhum deles foi cumprido. Mas isto também significa que Braga é o terceiro distrito mais importante do país, aqui residem cerca de 1 milhão de habitantes, que esta região é o motor económico do país e nós temos que começar a ser vistos como um - no sentido de como uma região unida e coesa - e não como um conjunto de 14 concelhos, porque esta dispersão prejudica-nos. É muito importante que possamos ser capazes de nos entender numa perspetiva regional para termos uma diferente capacidade reivindicativa junto do poder governamental. DM – Perante os sinais de dificuldades do têxtil, que medidas preconiza a lista que encabeça para apoiar a indústria mais expressiva desta região?  ACL – Tenho dito que, nesta matéria, o Governo já faz muito se não estorvar ou seja se deixar que os empresários façam o seu bom trabalho, como têm feito ao longo de décadas e séculos. Os empresários têm-no feito muito bem e têm assegurado a esta região trabalho e melhoria de condições de vida. Quando digo não estorvar falo, essencialmente, na dimensão fiscal, porque defendo que o Estado tem que ter uma diferenciação fiscal para as indústrias que também possam ser diferenciadoras no nosso tecido económico.  Defendo que temos de valorizar o "Made in Portugal", criando os incentivos necessários para que a nossa exportação deixe de ser de produtos indiferenciados e possa passar a ser, cada vez mais, de marca própria. Além disso, aquilo que está assumido no nosso programa eleitoral de redução do IRS em 4 pontos percentuais ao longo da próxima legislatura, dando mais folga para que os empresários possam redistribuir e investir.  DM – E qual é a promessa de redução da carga fiscal para os cidadãos?  ACL – Comprometo-me exatamemnte com o que está no programa eleitoral do PSD que passa pela redução da carga fiscal em geral para os portugueses, mas tenho também que dizer que se este Governo reduziu os impostos diretos também aumentou os impostos indiretos, compensando a redução com impostos socialmente cegos. Isto é desonesto, não discrimina o rico do pobre e é enganar as pessoas. Isto o PSD não vai fazer.  DM – Que medidas preconiza para aumentar a oferta de residências universitárias e habitação acessível para as famílias?  ACL – Nesta matéria, intervir no mercado por parte do Estado passa sempre por reabilitar e disponibilizar edifícios próprios. O Estado tem muito edificado, muito dele abandonado e devoluto, que importa colocar ao serviço de residências académicas e das famílias. Esta ação também tem um efeito de redução de pressão do mercado imobiliário, porque não podemos nunca permitir que esta pressão dificulte a fruição plena das nossas cidades aos estudantes, aos jovens casais e às famílias.  DM – A distribuição irregular das infraestruturas de saúde e de pessoal médico é ou não um fator de desigualdade e exclusão dos concelhos rurais? Que medidas reclama esta realidade?  ACL – É claramente um fator de desigualdade e exclusão que reclama uma inversão de sentido. Por exemplo, o hospital de Barcelos há mais de 10 anos que é insuficiente para a população que sertve, dos concelhos de Barcelos e Esposende. Tão pouco é necessário invocar realidades mais rurais, como Terras de Bouro, Vieira do Minho ou Cabeceiras de Basto para vermos este problema. Em Barcelos, o hospital e o seu pessoal não conseguem prestar os serviços necesários à população porque o Governo, que tem um documento assinado desde 2008, deixou-o na gaveta e nada fez. Se as pessoas compararem as promessas do Governo e as efetivas realizações facilmente concluem que nós não tivemos rigorosamente nada nos últimos 4 anos.  DM – No seu entender, o distrito reclama mais oferta de serviços públicos? ACL – Esse é mais um sinal de indiferença para com esta região. Claro que estamos sempre insatisfeitos, mas a verdade é que o distrito está claramente mal servido de serviços públicos. Basta ver que só temos uma Loja do Cidadão, no distrito que é o terceiro mais populoso do país. Precisamos de mais serviços de proximidade e somos altamente deficitários, por exemplo, em Unidades de Cuidados Continuados, porque apenas temos uma em todo o distrito, com 17 vagas. Isto é deixar a população à sua sorte e é um bom exemplo do défice de investimento. DM – Qual é a proposta mais emblemática da lista que encabeça para o ambiente e a política verde? ACL – Sem dúvida, um plano para a despoluição do rio Ave, porque não é possível continuar a permitir que a mão humana estrague e crie tanto dano àquilo que a natureza nos proporciona. Mais uma vez, nesta matéria, muitos planos e projetos têm sido lançados, mas resultados concretos não há quase nenhum. O Governo aprovou e assinou com a Câmara de Vizela um plano de despoluição do rio, um afluente do Ave, mas desde esse compromisso, que já tem mais de dois anos,  até hoje aquilo que foi feito foi zero.  DM – O círculo eleitoral de Braga elege 19 deputados, sendo o terceiro mais importante do país. O que seria um bom resultado para o PSD na noite de 6 de outubro?  ACL – Sem dúvida, vencer. Um bom resultado é vencer.  DM – E como se contabiliza essa vitória, tendo em conta que nas últimas legislativas, em 2015, o PSD elegeu oito deputados pelo círculo eleitoral de Braga?  ACL – Tenho que repetir que um bom resultado é vencer e que o ótimo seria eleger os 19 deputados. Estamos no terreno, estamos a falar com as pessoas e estamos absolutamente convictos que a nossa proposta é aquela de que o país precisa. Portanto, temos que ter a utopia de querer convencer toda a gente e eleger os 19 deputados, mas depois a realidade quem a vai dar são as pessoas e o voto soberano da população no dia das eleições. Estamos determinados e serenos, queremos chegar a todas as pessoas e deixamos a numérica para os analistas. Perfil André Coelho Lima tem 45 anos de idade, é advogado e vereador na Câmara Municipal de Guimarães. Natural e residente em Guimarães, licenciado em Direito pela Universidade Lusíada do Porto, com pós-graduação na Universidade Católica Portuguesa e uma especialização na Universidade de Cambridge. Foi deputado municipal, líder da bancada parlamentar e presidente da concelhia do PSD/Guimarães de 2010 a 2016. Na liderança de Rui Rio, é vogal da Comissão Política Nacional.
Autor: Rui de Lemos