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Refletindo sobre as próximas eleições legislativas (1)

A pergunta é crucial: após as próximas eleições legislativas o que nos espera? De novo uma geringonça à esquerda, uma união de Direita ou um Partido Socialista (PS) que ganha as eleições sem maioria e tenta governar fazendo acordos pontuais à esquerda e à direita?

A meu ver, esta última solução será do agrado do Presidente da República cuja vocação é conseguir consensos, fazendo a ponte com os partidos e, no fundo, condicionar, como até agora tem acontecido, a vida política nacional, parecendo mais um super-primeiro-ministro do que um presidente da República.

Todavia, tudo vai depender dos resultados eleitorais; até porque, aquando da sua XI Convenção Nacional, o Bloco de Esquerda (BE) manifestou vontade de, numa futura governação socialista sem maioria ter um ministro no governo, como que antevendo, juntamente com o PS, fazer uma maioria parlamentar.

Ora, lá que o BE manifeste essa vontade, talvez embalado pelos avanços de grupos de correligionários em alguns países europeus, isso não passa de uma mera utopia; pois, o PS vai ter de contar com um Partido Social-Democrata (PSD) mais forte ou com uma união de Direita para fazer as reformas estruturais necessárias à vida económica e social do país, eternamente adiadas.

Depois, perante a ameaça, entre aspas, do BE vir a ter ministros num futuro governo socialista, em que lençóis se deitará o Partido Comunista Português (PCP)? Deixa-se ultrapassar ou faz uma aproximação estratégica ao PS, valendo-se de uma paz social, ainda que podre, ensaiada com a CGTP que, como sua correia de transmissão, congela as greves e as lutas laborais ou vai fazendo de conta que a luta continua simplesmente?

O que efetivamente parece certo é António Costa e o seu governo não terem colhido benefícios, e muito menos o país, com a ação da geringonça que, apenas, deu vez e voz ao BE e ao PCP e consentiu a aprovação de algumas medidas fraturantes desagradáveis à maioria dos portugueses; e permitindo-lhes tempos de antena que não aconteceriam se não apoiassem o governo no Parlamento para propagandearem os seus projetos e ideologias extremistas; e, sobretudo, como apregoam, a sua intenção sempre foi afastar a Direita do poder, deste modo retirando votos ao PS, assim se concluindo que, afinal, a geringonça pode resultar para o Partido Socialista num autêntico tiro eleitoral no próprio pé.

Perante este cenário que se vislumbra à esquerda, o que devem fazer os partidos da Direita? Já que os princípios e projetos ideológicos e de governação que os unem são mais fortes do que aqueles que os separam, somente uma União PSD, CDS, Aliança e outras formações com expressão eleitoral pode travar uma nova geringonça que, em termos reais fez uma governação que em nada beneficiou o povo e, até, o prejudicou, basta ver o aumento de impostos, dos preços dos produtos de primeira necessidade, da dívida pública e a destruição da classe média que é sempre quem aguenta e paga todas as crises.

Pois bem, aqui a União de Direita com um projeto de futuro mobiliador, sério, empreendedor e socialmente justo, pode conquistar o voto da maioria da classe média desiludida, dos jovens, cuja maioria não vota ou vota centro-direita e dos habituais abstencionistas que maioritariamente não são de esquerda; e, pensando no que acontece em alguns países da União Europeia onde a Direita e Extrema-Direita na governação é já uma realidade a ter em conta, pode ter chegado o tempo em que os partidos do Centro e da Direita do nosso país se deixem de complexos e avancem para uma solução alternativa à geringonça.

Até porque governos socialistas e, muito menos, apoiados pela extrema-esquerda, neste momento e na Europa, só o nosso e porque António Costa viu ao longe e deu o golpe bem dado; e, então, se pensarmos no apoio com que ele sempre conta de comunistas, trotskistas, estalinistas e maoistas é caso para pensarmos que as ideologias não contam ou metem-se na gaveta, quando está em causa a conquista e manutenção do poder, a todo o preço.

Por isso, se justifica uma reflexão atempada sobre as próximas eleições legislativas; e, mormente, que seja feita com propósitos sérios e pragmáticos, pois está em causa o próprio bem dos nossos filhos que é, no fundo, o bem do próprio país.

Então, até de hoje a oito.


Autor: Dinis Salgado
DM

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18 setembro 2019