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A propósito do 10.º aniversário da VMER de Famalicão

A Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) é um veículo de socorro pré-hospitalar reservado ao transporte célere de uma equipa médica ao local onde se encontra o doente ou o traumatizado. Opera na dependência direta do CODU (Centros de Orientação de Doentes Urgentes), tem base hospitalar e integra o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

A sua equipa é composta por um Médico e um Enfermeiro e dispõe de equipamento de Suporte Avançado de Vida e dos meios indispensáveis para assistir a vítima e garantir o seu transporte em segurança até à unidade hospitalar mais próxima, capaz de proporcionar os cuidados de que precisa.

Estão a decorrer desde o dia 1 do corrente mês de setembro as comemorações do 10.º aniversário da VMER do Centro Hospitalar do Médio Ave, sediada em V. N. de Famalicão. Estas celebrações, que se prolongam até ao fim do ano, têm um programa vasto e multifacetado, sendo de destacar a grande abertura à sociedade que serve e que quer continuar a servir.

Entre outras ações, são de salientar formações em Suporte Básico de Vida, exposições, reportagens e na tarde do passado sábado, dia 14, houve um colóquio que teve lugar no auditório da Fundação Cupertino de Miranda, com o título VMER na Comunidade.

Em dia verdadeiramente estival, perante uma plateia bem composta e muito participativa, houve logo a seguir à Cerimónia de Abertura uma mesa redonda sobre Emergência na Criança, seguida de uma outra legendada VMER: Passado/Presente/Futuro.

Tendo tido o privilégio de participar neste evento tão significativo para quantos fazem parte da génese e do percurso da VMER de V. N. de Famalicão e, principalmente, para as populações abrangidas pela sua ação, quero testemunhar um pouco do que relembrei e o que retive.

Relembrei sobretudo as condições de trabalho do velhinho e acanhado Serviço de Urgência, o esforço heróico dos bombeiros no transporte de doentes e acidentados nos tempos anteriores à formação da VMER e as perspetivas traçadas pela inauguração da Urgência Médico-cirúrgica.

Retive que as mudanças operadas contribuíram, entre muitas outras situações, para a diminuição da mortalidade e de sequelas em doentes com doença coronária aguda e acidente vascular cerebral ao integrar estas patologias nas vias verdes do pré-hospitalar. Pude ainda confirmar que Portugal dispõe de um dos melhores sistemas do mundo neste tipo de assistência.

De igual modo, constatei a importância conferida por todos os presentes à inclusão do Curso de Suporte Básico de Vida na formação de todos os alunos do ensino obrigatório. Seria sem dúvida uma sensibilização importante para a problemática do socorro e uma mais-valia para a cidadania e para a vida.

Apesar da grande satisfação pelos resultados alcançados, verifiquei que persistem alguns constrangimentos que podem vir a ensombrar o futuro e que se resumem ao financiamento e à correta assunção e definição de responsabilidades.

Em distinto patamar, pude observar que quando se levantou a hipótese de uma eventual necessidade de profissionalizar um serviço que, embora remunerado, é prestado em tempo parcial e feito com espírito de missão e de amor ao próximo, a opinião praticamente unânime foi de o manter com as atuais características. O argumento mais usado para esta tomada de posição baseou-se na perda da paixão que deixaria de existir com uma eventual profissionalização.

De facto, em todos os operacionais da VMER, homens ou mulheres, jovens ou mais velhos, há uma luz cintilante que brilha em cada rosto quando se fala desta atividade, que explicará em grande parte tanto sucesso.

Neste 10.º aniversário da VMER do Centro Hospitalar do Médio Ave, sediada na unidade hospitalar de V. N. de Famalicão, renovo as minhas felicitações a quantos estiveram na sua origem, lhe deram corpo e hoje a alimentam com redobrado entusiasmo e enorme dedicação.


Autor: J. M. Gonçalves de Oliveira
DM

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17 setembro 2019