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“Pigs in (global) space”

1 Peste suína dizima produções chinesas de porcos). Vem acontecendo desde 2018 e em consequência disso, a China passou a ter de importar grande quantidade de carne de porco. E Portugal ficou logo todo contente, pois está previsto que este ano a exportação para aquele país crescerá para cem mil toneladas. E em 2020, Pequim já prevê comprar-nos o dobro, duzentas mil toneladas de carne de porco! 2 O problema está em que Portugal só produz 80% da carne de porco que consome). Isto, dizem as estatísticas do ano passado. O que falta, tem sido importado sobretudo da vizinha Espanha. Portanto, em 2019 a produção portuguesa de carne de porco ficará bem abaixo de 80% das nossas necessidades. E em 2020, ainda mais abaixo. Ficaremos pois com mais dinheiro (melhor dito, com menos dívida para com os estrangeiros); e preocupantemente, com bastante maior dependência alimentar, também no que respeita a um dos itens que é mais central na nossa alimentação tradicional, a dita carne de porco. 3 Os chineses “aliam-se” pois, aos muçulmanos e judeus, na “correcção dos nossos maus hábitos alimentares”…). Nós, os portugueses (e os europeus, em geral) precisamos de tomar muito cuidadinho com estas coisas, as da conservação e defesa dos nossos costumes e tradições. De todas elas, inclusive as alimentares. É sabido que as religiões dos judeus e dos povos islâmicos, os proíbem terminantemente de comer qualquer tipo de carne de porco. Se nos deixarmos influenciar demasiado (ou povoar os nossos países…) por pessoas dessas duas fervorosas religiões, qualquer dia chegamos a um café e, olhando à volta, teremos vergonha de pedir uma simples “sandwich” de fiambre. Com o tempo, acabará o lombo, o presunto, os chouriços, as febras, as costeletas, a feijoada, o cozido à portuguesa. E se for a Fé islâmica um dia a dominar (já estiveram mais longe do que estão hoje), do mesmo modo acabará o consumo de vinho e da própria cerveja… Não digo isto na brincadeira, as perspectivas são sérias; sobretudo se nos lembramos de como tem declinado a prática do Catolicismo e do Protestantismo. 4 Os chineses não são esquisitos, comem de tudo). Curiosamente, os vizinhos hindus têm tendência para o vegetarianismo; e aí, o que não se come é sobretudo a carne de vaca. Porém, na China e no Sudeste Asiático, come-se de tudo. Peixes, aves, lagartos, lesmas, insectos, morcegos, cães (e gatos), ratazanas (na África Central, comem-se até macacos…), cobras, ovelhas, cabras, vacas e claro… porcos. Arriscamo-nos pois a, daqui a décadas, produzirmos nós os porcos que só os chineses irão comer. 5 A auto-suficiência alimentar é um assunto militar). Qualquer país que não a tenha, fica, se surge uma guerra, total ou parcialmente dependente de vizinhos e amigos; os quais, nessa situação podem é também já não ter alimentos para eles próprios. Por isso, o que aconteceu a Portugal desde os anos 80-90, reveste-se de um perigo que ainda não foi devidamente percebido. A Globalização (além de uma magna e secreta conspiração) é um enorme disparate e um bem disfarçado crime. É também, já agora ou só no futuro, um drama (uma bomba-relógio) para os povos mais distraídos, como é o caso português. Que sentido faz, p. ex., o grosso da carne ou da fruta dos nossos hipermercados ser importada do distante estrangeiro e vir carregada de conservantes? Sobretudo, sendo Portugal um país com grande potencial para frutas e leguminosas? Em caso de guerra, aquilo que compramos do estrangeiro para comer, poderá até vir, envenenado… 6 Quanto mais Globalização , maiores serão a poluição e as alterações climáticas e políticas). A circulação desnecessária de mercadorias em contentores (por aviões ou navios), quantas vezes por longas distâncias, além do imenso gasto de combustível, é um factor poluidor em si mesmo. Depois, foi através da Globalização que, países atrasados e sobrepovoados se tornaram grandes consumidores- poluidores. E, se os outros povos não tiverem juízo, aqueles serão os futuros povoadores e conquistadores de países alheios; os quais, para chineses ou indianos do futuro, serão meramente o seu “Lebensraum”, o seu “espaço vital”. Ridículo foi , pois, o discurso humanizante (por mais justo e cristão que tenha sido!), que Marcelo fez há dias, em Tien an Men. Parecia um presunçoso ratinho a dar ordens a um pesado elefante. Semelhante a isso, só a antiga viagem que Sócrates e os seus ministros fizeram há ca. de 10 anos a Shangai; pensaram que aí iam encontrar “lojas de chineses” e afinal, o que viram foi uma constelação de ameaçadores “arranha-céus” e auto-estradas. 7 E que diz disto tudo o nosso querido PAN?). Os números não interessam para nada. O que interessa são as touradas. Os milhões de frangos nos aviários; os milhares de leitões, cabritos ou cordeiros abatidos na flor da idade; e agora este brutal incremento da nossa produção porcina para abate, nada disto interessa. O que interessa são as touradas. Viva a “miss Piggy” e o sapo Cocas, essas venenosas e manhosas invenções (que só podiam ser nova-iorquinas). Viva a futura circum-navegação da Terra, pelos porcos. Porcos pelos mares e pelos ares. “Pigs in space”, o nome da antiga rubrica dos “Marretas”. “Pigs in global space”, direi eu. O mundo está um “Muppet show”…
Autor: Eduardo Tomás Alves
DM

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14 maio 2019