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Constantino Coelho

1. Ao aproximar-se o centenário do «Diário do Minho» quero evocar uma pessoa que esteve na sua origem e o serviu com muita dedicação. Refiro Constantino Coelho. Não tive o prazer de trabalhar com ele. Vi-o diversas vezes na Sé, não sei se em serviço de reportagem se a participar nas celebrações litúrgicas, se nas duas coisas. 2. O «Diário do Minho» teve como antecessor imediato «Echos do Minho», um jornal que o Padre José Joaquim Pereira Vilela fundou e dirigiu. O primeiro número veio a público em 07 de janeiro de 1911. O Padre Vilela faleceu em 12 de setembro. Seu irmão, Joaquim António Pereira Vilela, editor do jornal, encontrava-se preso, na sequência de uma revolução monárquica. A publicação de «Echos do Minho» passou a ser assegurada por uma equipa coordenada por Constantino Coelho (J. Ribeiro Coelho), que foi o seu segundo diretor. O jornal deixou de se publicar em 13 de fevereiro de 1919 e reapareceu em 15 de abril do mesmo ano com o nome de «Diário do Minho», dirigido por Joaquim António Pereira Vilela. 3. José Constantino Ribeiro Coelho, de seu nome completo, nasceu em 01 de março de 1886 na freguesia de Nossa Senhora da Ajuda da vila de Peniche. Fixou residência em Braga em agosto de 1911, onde veio a falecer em 12 de dezembro de 1967. Esteve ligado desde o início a «Echos do Minho» e «Diário do Minho», como disse. Dedicou-se também ao estudo da Teologia, vindo a habilitar-se em 1925 ao exame final do curso dos seminários, que então equivalia ao curso geral dos liceus. Pôde, assim, ser arquivista da Câmara Municipal de Braga a partir de 26 de julho desse ano. Casou em 1934 com Maria Adelina Pereira Vilela, filha de Joaquim António Pereira Vilela, de quem teve os filhos Maria Leonor, Maria Helena e José Maria. 4. Em 03 de julho de 1926, por dissidências no seio do jornal para que trabalhava desde a primeira hora, foi, com Álvaro Pipa e outros, fundar o «Correio do Minho», cujo primeiro número saiu em 06 de julho de 1926. Foi um dos subscritores da sociedade por quotas da Empresa Correio do Minho, Lda, em 24 de julho de 1926, e exerceu o cargo de chefe de redação desde o começo até 31de abril de 1934. Constantino Coelho regressou depois ao «Diário do Minho», de que foi um dos mais destacados colaboradores. 5. Escreveu «Cartas Rossanienses» e fundou o Boletim do Arquivo Municipal de Braga. Além dos três jornais referidos, colaborou em várias publicações, de que se destacam as revistas Ação Católica, Bracara Augusta, Ilustração Católica, Propaganda Católica (de que foi o único redator), Revista de Guimarães. Católico convicto, esclarecido e desassombrado, foi também poeta, versando sobretudo a temática religiosa, de que dou mostra no livro «Poesia do Sameiro» páginas 35 - 52. Foi ainda um estudioso das coisas de Braga, como demonstra no livro «Braga Antiga, Velharias Bracarenses… Memórias de Velho Tempo e outros textos» onde Eduardo Pires de Oliveira recolhe artigos publicados sobre a história civil e religiosa da Cidade dos Arcebispos. Não deixaria de ser útil – digo-o, a propósito – reunir em livro muito do que se publicou no «Diário do Minho», de cuja coleção se aguarda a microfilmagem ou a digitalização. Algo de semelhante ao que se fez com o grosso volume (mais de novecentas e trinta páginas) de trabalhos do Cónego Avelino de Jesus da Costa, publicado em 2008. 6. Recordando a pessoa de Constantino Coelho pretendo homenagear todos os que, no tempo em que viveram e dispondo de meios muito diferentes dos de agora, lançaram os alicerces do que o «Diário do Minho» hoje é. A vivência do presente e a projeção do futuro não deve ser motivo para esquecer o passado.
Autor: Silva Araújo
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11 abril 2019