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«Aditivemo-nos» a Cristo!

  1. Hoje em dia, não há praticamente ninguém que não recorra a alguma espécie de «aditivo». Desde os aditivos alimentares até aos tecnológicos, todos nós usamos substâncias para melhorar a qualidade, o sabor, o rendimento e, nessa medida, o bem-estar.

  2. Com o passar do tempo, já não imaginamos um produto sem algum dos seus «aditivos». Para muitos, é inconcebível ingerir comida sem sal ou tomar café sem açúcar.

  3. Do mesmo modo, um telemóvel já não serve unicamente para fazer – e receber – chamadas. Vai servindo também – e cada vez mais – para jogar, para fotografar e sobretudo para aceder à internet com a vastíssima gama de funcionalidades que ela permite usar e gerir.

  4. Quem é que, na hora que passa, compra um telemóvel só para fazer chamadas? Já não falta quem, ao chegar a um restaurante, peça – antes de pedir a ementa – a «palavra-passe» do local.

  5. Isto significa que o «aditivo» se incorpora de tal maneira que já não nos vemos sem ele. É como se a nossa personalidade já não prescindisse destes instrumentos. Já não são vistos como meros adereços, mas como elementos estruturantes do nosso ser.

  6. É por isso que a sua presença em nós tem implicações cada vez mais ontológicas. O que somos – e não apenas o que fazemos –está umbilicalmente condicionado por estes meios.

  7. Ninguém se sente confortável nesta situação, mas quem se mostra suficientemente determinado para se demarcar dela? Quem não está conectado é praticamente como se não existisse.

  8. Porque não nos havemos de «aditivar» verdadeiramente a Cristo? Afinal, desde o Baptismo já não somos só nós; é Cristo em nós (cf. Gál, 2, 20). Mas é isso que se vê? É isso que se sente? Cristo não reduz o humano; pelo contrário, dilata infinitamente o humano. Aliás, os grandes tornaram-se maiores quando fizeram de Cristo a sua (permanente) inspiração.

  9. É sabido que o genial Bach encimava as suas partituras com as iniciais «J.J.», encerrando-as com a inscrição «S.D.G». Com «J.J.» fazia uma prece: «Jesu, juva», isto é, «Jesus, ajuda-me». E com «S.D.G.» deixava bem claro: «Soli Deo Gloria», ou seja, «só a Deus glória».

  10. Além de merecer o cognome de «quinto evangelista», Johann Sebastian Bach inundou a posteridade com peças de incomparáveis atributos. Não tenhamos medo de nos «aditivar» a Cristo. Deixemo-nos conduzir por Ele. Nunca perderemos quando nos «perdermos» de amor por Cristo!


Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira
DM

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9 abril 2019