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Os equívocos e a ambiguidade dos vários saberes humanos modernos

Hoje em dia, o saber como domínio de conhecimentos nas suas várias vertentes é um privilégio de muito poucos. Saber estar como ser social é um condão de pequenos grupos de homens cultos.

Saber falar, saber escrever, saber entabular uma conversa é um tesouro de raríssima ocorrência. Saber desempenhar uma profissão com a sua respetiva deontologia é uma prerrogativa de uma minoria cada vez mais restrita. Saber apresentar-se, no dia a dia, com uma postura de acordo com a dignidade humana constitui um diamante de quilates valiosíssimos e que não é fácil encontrar.

Ser uma pessoa senhora de uma personalidade íntegra e de um caráter impoluto apenas se encontrará em pequenas comunidades de homens ainda imunes à bandalheira reinante no mundo atual.

Na verdade, é desconfortante ver ou assistir a quaisquer eventos, musicais, festivaleiros, carnavalescos, tertúlias, políticos, partidários e outros, onde predominam as descomposturas físicas (de vestuários e não só), psíquicas, éticas, sociais e relacionais humanas. As pessoas primam pela extravagância, pela incapacidade de articular uma palavra completa e, muito menos, uma frase, mesmo sobre o tema que lhes diz respeito.

Resta-lhes um chorrilho de baboseiras, de mímicas pouco inteligíveis, de desvarios ou de estúrdias profundamente estapafúrdias. Alguns responsáveis por muitos desses eventos passam um ano inteiro na preparação daquele que irá acontecer daí a 12 meses. E, então, a sua capacidade inventiva dá forma a obras criativas que podiam facilmente ser candidatas aos mais valiosos prémios “nobéis” (se os houvesse nessas áreas)!

Atualmente, sabedoria passou a ser um sinónimo da mais fútil iliteracia. O saber deixou de ser um domínio acumulado de conhecimentos e de experiências participadas, apreciadas, pensadas e refletidas racionalmente sobre os valores e as riquezas imensas que a Natureza nos proporciona. Que os homens de bem saibam aproveitá-las devidamente, respeitando a harmonia nelas existentes.

A vida autenticamente sábia é eficiência, força e harmonia com o meio ambiente. Ela nunca pode encerrar em si qualquer espécie de injustiça, de inveja, de exploração ou de violação da dignidade humana.

O homem moderno, com o uso desarticulado, desviante, desarmonioso e desonesto do saber real criou condições mais técnicas e mais sofisticadas do que nunca para continuar a cometer as maiores atrocidades que se observam por esse mundo fora. Depois, vêm as crises que são sempre pagas pelos mesmos. E o mais grave é que eles em nada ou com muito pouco contribuíram para elas.

A sociedade humana continua com os mesmos vícios estruturantes de outrora, sempre habilidosamente explorados pela maldade de uns tantos e que chega para enganar os mais ingénuos. Enquanto o homem desprezar os valores humanos, nunca mais haverá harmonia, paz e verdadeiro progresso social.


Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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28 fevereiro 2019