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O desprezo da ética por aqueles que apenas a defendem de um modo interesseiro

A dimensão ética tem que ser devidamente desenvolvida, logo desde criança, em todo o ser humano, de modo a que todas as suas potencialidades possam ser aproveitadas na sua plenitude em qualquer atividade que ele venha a desempenhar na comunidade onde estiver inserido.

Todos os agentes educativos têm um papel relevante e insubstituível a prestar nesta área tão sensível das relações humanas. Trata-se de um dever que não se pode alienar nem dele abdicar em qualquer circunstância.

A ética é uma qualidade ou caraterística universal do homem. Não há profissão, atividade, religião, ciência ou política que a possa dispensar em qualquer momento que seja. A educação cívica e moral é um elemento integrante da formação a que todo o ser humano tem direito.

Assim, todos os agentes responsáveis pela inculcação nos educandos desses valores devem dispor de locais e de tempo adequados aos respetivos níveis da aprendizagem. Como elemento fundamental de toda a educação, a ética exige que lhe deem o respetivo espaço que merece, tal qual qualquer outra dimensão educativa que integre os sistemas de ensino modernos. A vertente cívico-ética é demasiado relevante para ser ostracizada, uma vez que contém valores que integram a essência das relações humanas.

O seu relaxamento na educação do ser humano tem como consequência os conflitos familiares e sociais, a falta de civismo, a generalização do insulto, da chacota, da desonestidade, do sarcasmo, da sátira gratuita, da violência e de toda a espécie de discórdias entre as comunidades e os povos.

Não é pelo facto de os docentes se quererem apresentar neutros em relação aos valores que eles estão ausentes do processo do ensino/aprendizagem e da prática pedagógica. Quer queiramos quer não, é um facto real que a escola não desempenha cabalmente as suas funções se abandonar esta dimensão fundamental da aprendizagem humana.

A sociedade, enquanto instância formadora, apresenta uma configuração social, económica e cultural que se caracteriza pela constante mutação científica, tecnológica, política e axiológica, mas onde, infelizmente, está patente uma crise de valores. Esta desordem valorativa implica, por si própria, um nítido golpe na autoridade educativa que é questionada e desrespeitada em permanência.

A tudo isto acresce que a estrutura familiar vem sofrendo alterações profundas devido a condicionalismos culturais que a arrastam para uma crise crónica, enviesando o seu espaço como lugar de transmissão de valores universais e perenes.

A escola não pode escamotear a realidade e manter-se neutra em relação a questões de cariz ético-social porque, dessa forma, não promove o crescimento integral do indivíduo. Ela tem uma função complementar às outras instâncias educativas, no sentido de promover nos discentes o exercício pleno da cidadania e de estimular o seu desenvolvimento pessoal e social. Que poderemos dizer da ética dos partidos que já se vão perfilando para os próximos atos eleitorais?


Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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21 fevereiro 2019