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Cristianismo ou (apenas) naturalismo?

  1. «Cristianismo» vem de Cristo. Será, porém, que o Cristianismo sabe sempre a Cristo? O Cristianismo não é uma redundância; é uma novidade. Ser cristão não é uma mera confirmação da vida; é uma proposta de transformação da existência.

  2. Deste modo, não somos cristãos para ser como nos apraz, mas para incorporar a vida que Cristo nos traz. A prioridade do cristão não é fazer a sua vontade nem realizar os seus desejos. O cristão não é ele; é Cristo nele (cf. Gál 2, 20).

  3. Tudo isto reclama uma contínua aprendizagem e requer uma permanente conversão. É por isso que já Tertuliano reconhecia que «não nascemos cristãos; tornamo-nos cristãos».

  4. Isto significa que, para sermos cristãos, não basta a nossa natureza. Se bastasse a nossa natureza, professaríamos, não o Cristianismo, mas tão-somente o naturalismo,

  5. Acontece que o risco do naturalismo existe. E ninguém pode garantir que está completamente imune ao seu contágio. São Paulo VI notou que «o naturalismo ameaça esvaziar a noção original da mensagem cristã».

  6. Para muitos, com efeito, parece bastar «a adaptação dos seus sentimentos e costumes ao mundo». Com o propósito de conseguirem «uma boa aceitação nos espíritos modernos», há cristãos que chegam a optar por uma «renúncia às formas próprias da vida cristã».

  7. Resultado? Em vez de nos distinguirmos do mundo, confundimo-nos com o mundo.É o que sucede quando filiamos o Cristianismo nos ditames da época em vez de o procurarmos na sua fonte, no Evangelho.

  8. Facilmente «aguamos» os princípios inultrapassáveis e os imperativos perenes. Diluímos a bondade num melífluo «buenismo», que mais pretende os aplausos do mundo do que a aprovação de Cristo. Subestimamos a mensagem e amortecemos as suas implicações, como se ao discípulo fosse permitido impor condições para seguir o Mestre.

  9. Se não nos centrarmos no senso de Cristo, não nos demarcaremos do senso comum, cada vez mais dominado pelo «prazer» e pelo «poder». Quando o cristão não está centrado em Cristo, acaba por estar onde a maioria está: na satisfação dos prazeres e na disputa pelo poder.

  10. Os escândalos e os abusos cessarão quando – no mundo – os cristãos se decidirem a ir mais além do mundo. Os cristãos serão eles mesmos quando se centrarem n’Aquele que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida (cf. Mt 20, 28). É o que urge!


Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira
DM

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12 fevereiro 2019