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Portugal é um país com muitas virtudes, desde logo o clima, a paisagem, a gastronomia e, de uma forma geral, a bondade das suas gentes. Mas o que faz este País, ainda é o que se passa entre (e) o Alto Minho e Trás-os-Montes e Alto Douro, e o Algarve, não o que apenas se passa em Lisboa e no Porto. O fenómeno de “centralismo” ou “centralismos”, que nos marca o dia a dia, não tem trazido valor adicional ao País como um todo, nomeadamente na igualdade de oportunidades para todos os cidadãos, suas organizações ou para as suas diferentes regiões. Um país tem e deve valer muito mais do que duas cidades, duas ou três Universidades, dois ou três partidos políticos, dois ou três jornais desportivos, ou dois ou três clubes de futebol. Enfim, uma democracia parcial. O Centralismo tem sido provavelmente o grande inimigo do desenvolvimento social, do crescimento económico e da afirmação de pessoas e instituições que estão “longe” da esfera da decisão. As resoluções centralistas têm levado à aposta constante nas mesmas instituições e organizações, quase sempre “gastas”, mas protegidas e que servem interesses muito particulares, que não têm ajudado Portugal a afirmar-se internacionalmente, ou quando em determinado momento, de forma pontual, o conseguem, acabamos sempre por pagar uma fatura muito cara. No desporto, o centralismo é ainda mais chocante, pois numa área em que a igualdade deve ser o princípio de orientação das organizações, todo o esforço é, e tem sido, feito a favor de três clubes, promovido e alavancado por entidades públicas, de interesse público ou por organizações privadas, e sempre com o reforço e influência da comunicação social, escrita, ouvida ou falada. Claro que a poluição de décadas e décadas de influência dos Media, “comprometidos” com a promoção dos interesses dessa trilogia e seus beneficiários, criou necessariamente os seus públicos, cada vez mais intoxicados e alienados. Mas será este modelo de sociedade que queremos promover, estará o País a cumprir um desígnio moderno de direitos, liberdades e garantias? Um país será mais rico quanto maior for a dispersão dos seus agentes. No desporto é fundamental que cada vez mais os cidadãos defendam as organizações do seu território, que defendam os clubes do seu local. Se esta geração está perdida, não condicionem os que que estão a nascer ou crescer, deixem-nos defender o clube da sua terra. Se espera ter o retorno da vénia que atualmente está a fazer ao clube da grande e longínqua cidade, está muito enganado, o que lhe será pedido é que traga mais fiéis e disponibilize mais recursos. Defenda os símbolos do seu território, vibre e apoie o seu clube local, só assim as populações ganharão em coesão e resiliência, só assim o País ficará mais equilibrado e mais competitivo, só assim se poderá ter melhor quantidade e qualidade na formação desportiva, competições mais fortes e equilibradas, e melhores seleções nacionais. Só assim seremos um melhor país e mais independente. Apoia o teu Clube Local e verás o teu território mais valorizado e menos despojado.
Autor: Fernando Parente
DM

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18 janeiro 2019