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Macron salvo pelo Xerife…

  1. Macron? Bem dizia eu, já em 2017…).Alto funcionário bancário que se dizia socialista (e se veio a demonstrar ser, é, ultra-liberal) casado desde jovem com uma senhora 25 anos mais velha que ele (aliás, muito bem conservada); saído como um vampiro, das trevas para a política, em 2 ou 3 anos; imaturo; impassível; indiferente às criticas; arrogante e frio; transparentemente falso; sempre impecavelmente vestido; como outros obcecados, nunca pestanejando ou mudando de expressão facial (o Sporting já teve um presidente assim…). “Voilà Macron”, eis Macron, o político de plástico que o “Sistema” inventou em França, para enganar os franceses e impedir que a séria e notável dirigente política nacionalista Marine Le Pen alcançasse a presidência na 2.ª volta das eleições de 2017. Se bem me recordo, na 1.ª volta Le Pen ganhou com 33% e Macron só teve 24%...

  2. Militante da Globalização e dos carros eléctricos…). A Globalização, esse perigoso “cancro”, é a principal responsável pelas alterações climáticas actuais. E isto porque os grandes capitalistas que governam a Europa e os EUA (pensando que iriam, coitados, controlar o processo), se deram ao arbítrio impensado de abolir fronteiras e taxas aduaneiras. O que permitiu a países demograficamente gigantescos (mas até agora pobres e modestos consumidores), desenvolver-se, aumentar a população (em vez de a diminuirem) e destruirem a sua Natureza e a dos outros, em busca de recursos cada vez mais inexistentes. São casos típicos a China, Índia, Paquistão, Bangladesh, Indonésia, México, Colômbia, Brasil, Nigéria. Em vez de se diminuir o grau de crescimento e o nível de emissões de carbono de grandes países como estes; em vez de se impedir a destruição de florestas (que absorvem o carbono) no Brasil, África, Indonésia, Bornéu; em vez disso, a política da Globalização (e do liberalismo capitalista) é fazer pagar os europeus, japoneses e norte-americanos pelo desenvolvimento dos outros; abatendo carros a “diesel” e a gasolina; e substituindo-os por carros elétricos, ainda tão ineficientes; enchendo o mundo de barragens, parques eólicos, minas de lítio e centrais nucleares…

  3. Ora Macron lembrou-se de pôr os gauleses do interior a andar de carro eléctrico…). Tomou medidas concretas nesse sentido, pensando que os rurais (com os seus “velhos” carros a gasóleo) tinham posses económicas para os “abater” e comprar os caríssimos e ineficazes carros eléctricos. E logo subiu o gasóleo para o famoso “preço português”; tal medida foi quanto bastou para os franceses (mal habituados, verdade seja dita…), saírem para os cruzamentos e rotundas vestindo os coletes de segurança para indicarem o motivo principal do protesto. Que logo se alargou à luta contra os baixos salários e a carestia de vida. O protesto tem tido grande adesão (à 6.ª semana ainda é aprovado por 70% dos franceses sondados!), mesmo depois de, à 3.ª e 4.ª semanas se terem causado grandes destruições no centro de Paris, inclusive em monumentos. É uma revolta espalhada por dezenas de cidades e vilas e tem forte apoio da empobrecida burguesia conservadora nacional. Nisto se distinguindo do Maio de 68, judaico, parisiense, estudantil e marxista.

  4. Não fora o atentado de Estrasburgo e…). E Macron, tal era a onda contestatária, já poderia ter caído. É que, entre o 4.º e o 5.º sábado da revolta, um tal franco-marroquino, Xérif Chékatt, perpetrou na velha urbe alsaciana (antes, alemã), de Estrasburgo, um atentado numa venda de Natal, em que morreram 5 pessoas. O luto nacional quebrou bastante o ritmo da revolta, pelo menos para já. É novamente o DAESH a servir de “estranho bombeiro das Democracias”; como aliás já aconteceu no Iraque e na Síria, quando fez esquecer os crimes vergonhosos de Bush, em Abu Grahib e Guantánamo…

  5. Uma revolta “fabricada” para cortar a ascenção de Marine Le Pen?).As propostas energéticas de Macron eram tão radicais e descabidas que, numa lógica de “teoria de conspiração”, elas podiam era querer ter o efeito de gerar um movimento que, mais tarde transformado em partido, acabasse por ir roubar votos, quer ao Front National (agora “Rassemblement National”) de Le Pen; quer à “France Insoumise”, do esquerdista mas sólido, Jean Luc Mélanchon.

  6. Tudo isto, num país de “daltónicos”).Quando olho para aqueles coletes, tenho notado que todos eles são esverdeados (cor de ranho, vá lá). Nenhum deles é amarelo, são todos verdes. Porém, os franceses pensam que são amarelos (“jaunes”), daí os “gilets jaunes”. E conseguiram impingir o erro a terceiros. A Espanha chama-lhes os “jalecos amarillos” (expressão tão cómica como a de “Presuntos implicados”, nome de grupo musical que, celebrando a morte de Franco, valorizava o respeito pelos indiciados, no Processo Penal, os “presumíveis implicados”). Cá, são os coletes “amarelos”. Em Inglaterra, os “Yellow vests”, etc.. Francamente, eu já suspeitava que o francês é (tal como os gatos e os cães), daltónico. Não fora assim, como podiam ter celebrado com tanto frenesim, os sucessos futebolísticos da sua selecção “nacional” de futebol? A qual é com frequência, na quase totalidade representada por afro-descendentes, sejam eles magrebinos ou trans-saharianos? Para aumentar a confusão, chamam-lhe “les bleus”, os azuis. Daltonismo típico e acentuado…

  7. E que não venha outra vez a moda dos “sans culottes”).Se de hoje para amanhã a França, país criador de modas, resolver repescar do séc. XVIII a moda dos violentos “sans culottes” (dispensem-me de traduzir) e as manifestações de sábado se prelongarem até ao Verão de 2019, a combinação “gilets verts et sans culottes” ficará célebre na História Universal. Fazendo par com os “red coats” (soldados britânicos do séc. XVIII); os “black and tan” (polícia britânica na Irlanda, 1916); os “grises” (carabineiros franquistas); os “brancos” (tropas russas anti-soviéticas); os “camisas castanhas” (SA, de Röhm); ou os “dorados”, do mexicano Pancho Villa.


Autor: Eduardo Tomás Alves
DM

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27 dezembro 2018