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João 8, 32

«Conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres». Foi com esta frase bíblica que o candidato vencedor nas eleições presidenciais no Brasil se apresentou diante das câmaras de comunicação. Jair Messias Bolsonaro conseguiu 55,1% dos votos (57 797 456 votos), enquanto Fernando Haddad recolheu 44,9% da votação (47 040 820 votos). A diferença foi de dez pontos percentuais e de mais de dez milhões de votos expressos. De entre os vários momentos na hora da vitória foi significativo o tempo de oração em direto, para além do slogan com que terminaram: “Brasil acima de tudo; Deus acima de todos”. Atendendo ao ambiente crispado com que estas eleições no Brasil decorreram, há pequenos ou grandes sinais que nos devem fazer refletir, tenhamos – quanto aos candidatos votados – a preferência que quisermos. Desde logo pareceu que, nalguma da comunicação social portuguesa, não havia total independência, antes se notou sempre – até depois dos votos contados – uma tendência anti-Bolsonaro apelidando-o de “extrema direita”, de ser antidemocrata, homofóbico, misógino, de colocar em risco o futuro do seu país… Mas haverá cerca de 58 milhões de enganados e os outros 47 milhões, que votaram no candidato vencido, foram sempre e só democratas? Houve temas e assuntos que foram introduzidos na contenda que podem incomodar alguns dos políticos mais materialistas e marxistas, ateus e agnósticos, fazedores duma moral antivida e, sobretudo, contra a família. Deus apareceu nestas eleições duma forma quase só comparável à dos jogos de futebol, na linguagem dos jogadores brasileiros. Referências a Deus foram normais. Colocar o que se estava a passar sob os desígnios de Deus foi habitual, bastando referir a vida – após o atentado a Bolsonaro – do candidato… agora eleito presidente. Assuntos que eram considerados quase tabu foram trazidos para o espaço público, tais como a questão da família, levando, por vezes, certos lóbis lgbt a fazerem razoável barulho, com acusações, ameaças e convulsões. Por aqui se pode ver que há muita gente – lá como cá – que só conhece uma forma de democracia, a sua e sem tolerância para com os outros, sobretudo se pensam, agem e vivem de modo diferente do deles: temos de os aceitar e eles/elas não nos compreendem… minimamente! = Neste mundo globalizado pode-se perceber um tanto melhor que precisamos de ter ideias claras e simples para estarmos neste mundo, tantas vezes adverso para com os que têm fé e que a tentam exprimir de forma livre, respeitada e respeitadora. Agora já não se trava uma luta entre católicos e protestantes, como em séculos passados, mas antes entre crentes e não-crentes (podendo manifestarem-se como descrentes, agnósticos ou ateus confessos), seja qual for a expressão religiosa que se possa professar. Isso mesmo se viu nas eleições brasileiras, evangélicos e católicos foram-se revendo nas propostas do presidente eleito, tal como outros se assemelharam ao que era defendido pelo candidato vencido. Talvez seja exagerado aquilo que foi dito na noite eleitoral sobre os evangélicos poderem ser os responsáveis pela vitória de Bolsonaro. Dever-se-á dizer que colocar a presença de Deus na política deveria ser mais normal do que tem sido sobretudo por cá na velha e anquilosada Europa… Para alguns saudosistas da dialética marxista, dá a impressão que lhes está a escapar o controlo particularmente da comunicação social. Hoje nota-se uma vaga de fundo que perpassa muito para além do que a comunicação tradicional dizia, escrevia ou mostrava. Hoje as ditas redes sociais não estão mais sob a alçada dos critérios duvidosos dos senhores jornalistas… encartados. Hoje informar e ser informado é mais democrático e por isso (segundo eles) perigoso para a “sua” democracia… de senhores dalguma verdade. = Notas de rodapé – Porque se incomodou tanto a maçonaria de aquém-Atlântico com estas eleições no Brasil? – Qual a razão razoável para que certos marxistas-leninistas se tenham abespinhado tanto com os resultados das eleições naqueloutro continente? – A democracia só é boa e democrata quando ganham aqueles com quem simpatizamos pela cor ideológica?
Autor: António Sílvio Couto
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5 novembro 2018