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O uso da liberdade humana e as suas implicações

O homem sempre lutou pela defesa daquela caraterística intrínseca da sua natureza que mais adora. Trata-se da liberdade. Nada há de mais relevante na vida do homem do que o direito à sua liberdade da qual sempre quis usufruir e de que nunca quis abdicar. Pode-se ser sempre pobre, mas ninguém quer perder a sua liberdade. No entanto, o uso deste supremo valor é muito complexo, implicando consequências paradoxais.

Ainda há homens que fazem muito mau uso do seu exercício diário. Levados pela deformação maliciosa do seu caráter passam a vida a vilipendiar os outros e a tentar enganá-los o mais que poderem. Para isso, utilizam os mais sofisticados artifícios que têm à sua mão. Em nome da liberdade cometem-se as maiores barbaridades.

Muitas vezes, começa-se por pequenas atitudes, na família, nas relações de bairro, no trabalho ou no exercício de cargos de maior responsabilidade nas estruturas sociais. São os pequenos ditos jocosos, cómicos, xistosos, passando depois às injúrias, às críticas maldosas ou insidiosas até se chegar aos mais profundos ataques à dignidade humana.

O número de pessoas que dão demasiada liberdade aos seus impulsos incivilizados, selvagens e desumanos têm aumentado muito nas sociedades modernas. Os princípios da boa educação e do respeito pelos direitos dos outros vão rareando cada vez mais. O governo racional das nossas disposições anímicas e das paixões é muito relevante, pois é dele que depende o nosso desenvolvimento harmonioso.

O homem de crescimento desadequado vai-se inclinando para comportamentos que acabam por ferir de morte as boas relações humanas. E o mais grave é que, em poucos anos, essas pessoas podem transformar-se em criminosos contumazes, tornando-se muito prejudiciais a si próprios, aos vizinhos e à sociedade.

E assim, se vão sucedendo as perseguições e as vinganças pessoais, as violações arbitrárias e todo um conjunto de atrocidades desumanas. A sociedade tem que refletir sobre este estado de coisas.

Todos nós devemos contribuir para a promoção e para a defesa dos princípios da boa harmonia e da sã convivência entre os homens. É imperioso repensar-se na riqueza que é para todos o estado de uma vivência de paz nas comunidades humanas.

Enquanto se desprezarem os valores humanos, as sociedades continuarão a violar sistematicamente os direitos mais elementares dos seus membros, criando mais muros no fosso entre governantes e governados ou entre ricos e pobres. Felizmente, há muitas pessoas que se pautam por uma postura de verticalidade ímpar e que são capazes de praticar grandes gestos de generosidade no meio em que vivem.

Sabem potencializar a sua liberdade e as capacidades que a natureza humana lhes oferece, prestando grandes serviços à sociedade. O maior feito de cada ser humano é manter o equilíbrio racional no exercício de todas as suas imensas potencialidades.

O homem deve ir buscar à sua natureza as suas virtualidades, pondo-as ao serviço da justiça, do respeito pela liberdade de todos e pelo progresso da humanidade. Só assim se viverá verdadeiramente. Tudo o mais é efémero e ficará sem sentido e sem significado.


Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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1 novembro 2018