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O laicismo e o ateísmo estarão a aprisionar o homem moderno?

O homem do nosso tempo, nomeadamente nas sociedades mais evoluídas, julga-se auto-suficiente e livre de qualquer dependência em relação a outrem. E o que é mais paradoxal, é que ele pensa que pode dispensar a sua dimensão religiosa.

Tem dinheiro, possui um património abonado e usufrui de um estatuto social que lhe proporciona uma situação de independência quase total. Para ele só conta uma vida de regalos diários, não se preocupando com os marginalizados, os pobres, os sem-abrigo e toda aquela franja de necessitados. Ajudar os que mais precisam não entra na sua agenda.

A formação da sua consciência e da sua mentalidade foi tão distorcida que a sua sensibilidade ficou alheia à exigência intrínseca do reconhecimento da existência do mundo transcendente.

A vertente religiosa, que o poderá alertar para a vida eterna onde a felicidade é infinita, se for trabalhada nessa linha é que dará o verdadeiro sentido à vida humana. Sem esta dimensão, o homem limita-se a gozar os bens terrenos na sua mera fugacidade, esquecendo a perenidade do Bem celeste.

O homem, mesmo com a abundância de prazeres mundanos e a vastidão dos seus conhecimentos, não pode considerar-se completo se não tiver sabido selecionar e aperfeiçoar as suas apetências espirituais.

Quem quiser pôr a render, com autenticidade, a sua atividade diária tem que saber racionalizar adequadamente a vida, caso contrário, será um homem falhado. Limita-se a andar assoberbado num mundo desajustadamente agitado.

No mundo tempestuoso de hoje, o homem, com a cabeça atafulhada de tantas ideias desconexas e num turbilhão psiquicamente perturbador e repleto de passatempos fugazes, permanecerá na sua frustração crónica.

No meio da imensa confusão mundana, muitas pessoas não reservam tempo para refletir e investigar o mundo maravilhoso e extraordinário que existe dentro delas próprias.

Não pensam que o homem continua a ser um eterno insatisfeito, muito mais quando se limita ao hedonismo terreno e às suas indesejáveis consequências. Quando alguém começa a conhecer-se a si próprio na sua totalidade dimensional, passa, então, a viver verdadeiramente.

Perante esta situação, cada um de nós deve fazer uma análise conscienciosa da sua existência. Desta reflexão seletiva sairá a verdadeira filosofia de vida. Infelizmente, perdeu-se a noção dos verdadeiros valores que têm sofrido campanhas negativas ferozes e que os vão colocando num estado de secundarização.

As pessoas mostram muita negligência pelas suas responsabilidades para com a sociedade e, nomeadamente, para com a Transcendência. Tudo isto rebaixa e adultera os valores universais e perenes que devem guiar o homem na sua vida na terra. Onde param os princípios da civilização ocidental?

A frouxidão moral e o desleixo no cumprimento dos deveres profissionais, sociais, éticos, cívicos e espirituais parecem ter tomado o lugar do amor ao lar, ao próximo, a uma sociedade harmoniosa e a Deus.

O progresso científico e tecnológico e os maravilhosos feitos com ele relacionado não podem atropelar os grandes valores nem impedir a sua conservação e a sua prática diária, pois as geraçõesvindouras agradecerão que lhos transmitam incólumes na sua essência.


Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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25 outubro 2018