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A crise dos princípios éticos universais estará a ser vencida?

Nos tempos que correm, muitas sociedades atravessam uma grande crise de princípios humanos, mesmo nalgumas daquelas que se consideram como altamente evoluídas. Ao ler-se certo género de literatura e ao auscultar-se alguns Meios de Comunicação Social, parece que tudo o que acontece à nossa volta é permitido e normal.

Uma formação distorcida das mentalidades veio criar nas relações humanas certas posturas tão desajustadas que se perdeu a verdadeira noção do que é bom e do que é mau. As normas cívicas e éticas foram perdendo o seu caráter absoluto, passando a ser vistas por uma perspetiva muito relativista.

Vai imperando um ambiente de permissividade muito acentuada e fortemente mórbida. Os paradigmas orientadores da ação humana estão contaminados pelos interesses pessoais ou corporativos e por uma ganância insaciável de enriquecimento imediato e pouco escrupuloso.

Pluraliza-seo economicismo obsessivo e o capitalismo selvagem, imbuídos de um cariz idolatrizador do dinheiro. Reina um relativismo geral que implica uma obstinação no erro, bem como num caminho perverso e imoral. A sociedade moderna carateriza-se pela dissolução das normas e pelo ofuscamento da verdadeira intelectualidade.

A liberdade subjetiva vem destruindo as crenças e o respeito pelos cânones reguladores da atividade humana. A sociedade sobrevive apenas porque ainda existem muitas pessoas e muitas instituições que lutam diariamente pela defesa, preservação e difusão dos referidos valores universais.

O livre pensamento, eivado por um materialismo e por uma amoralidade fortes, é proclamado aos quatro ventos e sem qualquer rebuço. Hoje, fala-se muito de solidariedade, de equidade social, de justiça, de civismo, mas o que predomina é o egoísmo, a ganância, a corrupção voraz, a fraude, a desonestidade e a desmoralização dos costumes.

Urge a reinculcação dos princípios humano-civilizacionais, para que a ótica de desvalores dominante no pragmatismo moderno se comece a desvanecer e ceda novamente o lugar aos ideais cívicos e éticos universais. Este paradigma da renovação dos valores tradicionais deve voltar a fazer parte da educação escolar e social.

Na família e na escola assiste-se a um certo esvaziamento destes princípios, mas é nestas instituições que se deve desenvolver um trabalho de base no sentido de proporcionar essa recuperação.

Uma boa convivência no seio da família e uma harmonia sólida entre os seus membros são importantíssimas para que a reintegração dos valores cívicos e éticos seja uma realidade progressiva e sólida.

Esta luta tem que ser constante e persistente para seja possível vencer muitos males que ainda permanecem na sociedade, tais como a criminalidade, a libertinagem, a corrupção, a deslealdade e o desnorte numa parte da juventude.

A espinha dorsal das comunidades continua doente. Tem que se dar muita força aos movimentos de renovação dos valores universais que, felizmente, se vêm notando em muitas sociedades.

São temas que já se discutem com muito entusiasmo em debates públicos, dado que as pessoas e as instituições se aperceberam que sem a promoção dos princípios universais do civismo e da ética não é possível a convivência e a harmonia entre os povos. Trabalhemos nesse sentido. Sejamos corajosos.


Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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18 outubro 2018