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Em nome do clube

Odesporto sempre será um campo social de muita paixão. É o condimento com maior valor para atletas, treinadores, assistentes, pais. De uma forma positiva a paixão (de participar com alma) e o inconformismo (em fazer cada vez mais e melhor) são traços dos grandes campeões. Quando se joga, se salta, se corre, em nome de um clube, eu, pessoalmente, só consigo ver um caminho: entrega total. É isso que alimenta o desporto. Infelizmente, há muita gente que gravita no desporto que devia ser proibida de assistir, apoiar, trabalhar, em nome de um clube. O desporto tem a virtude de proporcionar lições e oportunidades de fazer erguer o melhor que a humanidade possui. Valores como o respeito e a tolerância são a sustentação do confronto entre as equipas, os países, os participantes. O que aconteceu no final do jogo do Benfica-Porto, em futebol, apesar de não ter sido o primeiro episódio, é altamente reprovável. Quem colocou a música de tourada, quando a equipa do Porto se estava a despedir dos adeptos, é de uma clara e desmedida falta de respeito institucional e pelos valores que o desporto deve preconizar. Existe um imperativo ético que as instituições devem fazer valer: respeito. Quer a negritude de uma derrota ou a glória de uma vitória, não dão o direito à contestação, desmedida e desenfreada, porque se perdeu ou para manifestar a arrogância quando se ganhou. Não me chamem puritano, porque defendo que a verdade desportiva deve prevalecer. Não me chamem sonhador, porque assumo que o desporto deve ser positivo, tolerante, centro de convivialidade e festa. Não me chamem filósofo, se advogo que o desporto tem que ser um espaço de unidade, mas também de confronto, de entrega, de alma e máxima energia. Eu só acredito no desporto como um instrumento de superação. Esse é o caminho. O desporto é o local sagrado da festa e não da violência, do sorriso e não do choro, do confronto no campo e não nas bancadas, do respeito e não da arrogância. Não acredito que a direção tivesse dado “ordens” para tamanha falta de respeito, mas daria uma verdadeira lição de civilidade se levantasse um inquérito e atuasse em conformidade. No último fim de semana, tive a oportunidade de assistir à supertaça de voleibol, entre o Benfica e o Sporting. E aí assistí a mais comportamentos inaceitáveis dos adeptos dos dois clubes. Enquanto, no campo, os atletas se esforçavam por levar o troféu, dentro de uma conduta de entrega positiva, na bancada, assistimos a um conjunto de adeptos que apenas se preocupavam com o insulto, com a provocação, com o conflito e com a violência. No voleibol, não estamos muito habituados a que se grite “golo”, quando é ponto! Que se insulte, em vez de apoiar. Que se entre em confronto, em vez de incentivar as suas equipas. Quando se veste a camisola (de praticante, de treinador, de dirigente, de assistente, de apoiante) estamos para a defender e não para a denegrir. Em nome do clube, quando vestimos a sua camisola, fazemos parte de um puzzle que é sempre muito maior que nós próprios.
Autor: Carlos Dias
DM

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12 outubro 2018