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Demência de Alzheimer

Estima-se que, acima dos 60 anos, existam cerca de 40 milhões de pessoas com demência em todo o mundo e prevê-se que este número duplique, a cada 20 anos, até 2050.

A demência de Alzheimer, principal causa de demência, cursa com perda da memória (sobretudo a recente), desorientação no tempo e no espaço, dificuldade no reconhecimento de pessoas e alteração da linguagem.

Serve o Dia Mundial da Doença de Alzheimer, assinalado anualmente a 21 de setembro, para sensibilizar a população para a importância do reconhecimento dos sinais de alerta bem como da prevenção da doença.

Trata-se de uma doença degenerativa, progressiva e, até ao momento, incurável, implicando perda da capacidade para desempenhar as atividades do dia-a-dia de forma autónoma (por exemplo: higiene, vestir, alimentar-se, continência, conduzir, gerir a sua medicação, usar cartões multibanco, pagar contas, utilizar telemóvel, cozinhar).

Um ou mais sintomas neuropsiquiátricos afetam quase todos os doentes com demência ao longo do seu curso. Incluem ansiedade, depressão, agressividade, apatia, desinibição, irritabilidade e alteração do sono. Agravam a deterioração cognitiva e funcional, precipitam a institucionalização e geram sofrimento no doente e cuidador.

A avaliação médica inicial dos indivíduos com queixas sugestivas desta doença inclui, para além da caracterização neuropsicológica, a realização de um exame de imagem cerebral (habitualmente tomografia computorizada ou ressonância magnética) e análises, cujo objetivo é excluir outras causas tratáveis de demência, por exemplo tumores, infeções, défices de vitaminas ou outras alterações metabólicas, como o hipotiroidismo. Apesar de clinicamente só ser possível um diagnóstico provável, as novas técnicas de investigação permitem diagnosticar cada vez mais precocemente e com maior acuidade.

Fatores de risco vascular, traumatismo, depressão, lesões vasculares cerebrais, baixo nível educacional e inatividade mental são fatores de risco identificados para a demência de Alzheimer. Embora as formas hereditárias da doença sejam muito raras, têm-se estudado vários polimorfismos genéticos que aumentam a susceptibilidade à doença.

Existem quatro fármacos que melhoram os sintomas da doença (donepezilo, rivastigmina, galantamina e memantina) e estão a ser realizados vários ensaios clínicos que visam estabelecer a eficácia de novos fármacos, espera-se que modificadores do curso da doença. O tratamento não farmacológico, não menos importante, inclui estimulação cognitiva, intervenção sobre atividades de vida diária e programas de atividade física.

A melhor forma de prevenir a demência de Alzheimer implica: controlo dos fatores de risco vascular (dislipidemia – colesterol elevado, hipertensão arterial, diabetes e obesidade), evitar tabaco e álcool, fazer exercício físico e aumentar a reserva mental através de elevada atividade cognitiva e social.

O diagnóstico correto de uma demência permite a deteção de distúrbios potencialmente tratáveis e facilita a planificação do futuro. A perspetiva de desenvolvimento de terapêuticas modificadoras da doença torna ainda mais importante o diagnóstico precoce e acertado.

As alterações cognitivas e comportamentais e a dependência dos doentes com demência exigem elevada dedicação dos cuidadores e/ou institucionalização dos doentes. Os profissionais de saúde devem por isso ter em atenção a possível exaustão dos cuidadores e oferecer-lhes apoio médico e psicológico.

Dado o conhecido envelhecimento da população, a elevada prevalência desta doença representa um elevado peso social, económico e emocional. Contudo, a visão da demência de Alzheimer como uma condição que se consiga prevenir e tratar pode tornar-se, em breve, real.


Autor: Sofia Rocha
DM

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21 setembro 2018