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A carta de Agosto passado do Papa Francisco ao povo de Deus

No passado dia 20 de Agosto, o Papa Francisco, com a sua habitual frontalidade, escreveu uma carta ao povo de Deus, onde abordou uma temática dura, complexa e difícil de entender, porque o que está em causa é o péssimo comportamento de alguns membros do clero ou de pessoas com responsabilidade dentro da Igreja, de que ele é o actual dirigente máximo. Dificilmente se compreende que um clérigo ou quem quer que seja, nomeadamente se é fiel católico, viva mal os dois mandamentos que dizem respeito à virtude da castidade. Mais: que, abusando da sua autoridade ou condição, explorem sexualmente menores ou pessoas com problemas limitativos da sua perfeita sanidade. Os dois antecessores do actual Romano Pontífice foram confrontados com tais situações de carácter verdadeiramente nojento e injusto, procurando, com rigor, tratar tais casos, tomando as medidas que acharam mais convenientes Com elas manifestam o seu repúdio inquestionável e a opção por decisões que evitem, de modo taxativo, que situações semelhantes se possam repetir no futuro, sem serem devidamente punidas. Além disso, as suas sanções contundentes são, à partida, um antídoto para evitar cair em tais tentações O Papa actual tem sido confrontado com notícias e ocorrências que, obviamente, são muito incómodas e difíceis de enfrentar. Com coragem e destemor, como é prova a carta que referimos, volta a confirmar que perante tais circunstâncias, a tolerância zero, isto é, a inequívoca atitude de reprovação total e absoluta de tais sucessos, é a posição que a autoridade eclesiástica deve tomar. E, com certeza, que procura lutar, por todos os meios correctos, para que se evitem, de modo radical, repetições de acontecimentos congéneres. Pede ainda o actual sucessor de S. Pedro, que se tenha em conta a dor e as consequências nefastas vividas pelas vítimas e pelas suas famílias, solicitando de todos os cristãos penitência e oração, como meio possível e mais adequado para que tais sofrimentos sejam minorados e a misericórdia de Deus se faça sentir. Este rigor do Santo Padre e dos seus antecessores já mencionados, é tanto mais acertado, quanto nós, de forma frívola, podemos pensar com os nossos botões que o que aconteceu, sobretudo num passado mais ou menos próximo, não teria a relevância exuberante dos nossos dias, se não fosse motivo de primeira página para alguns meios de comunicação social, especializados no escândalo e na transmissão sensacionalista do que lhes faz ter audiência e público assegurados. Ou ainda que tudo isto é aproveitado pelos inimigos da Igreja para empolar o que não é monopólio dos sacerdotes e de algum bispo ou cardeal, porque a pedofilia aparece com mais intensidade até, entre dirigentes de outras confissões religiosas cristãs, no mundo desportivo, escolar, ou mesmo nas próprias famílias. Perante tais elucubrações, como diz o povo: as misérias alheias não alegram quem é cristão. Antes pelo contrário... Vejamos: o Papa é o responsável principal pelo que se passa dentro da Igreja de quem é o supremo pastor… De algum modo também, por tudo o que acontece na terra, em virtude do poder que Deus lhe confere de evangelizar todos os homens. Mas, se para um católico isto é evidente, mais evidente é que a sua responsabilidade se debruça, em primeiro lugar, por aqueles membros do povo de Deus que lhes estão sujeitos e reconhecem a sua autoridade. Para estes, se o seu comportamento não é o mais modelar, ou toma perspectivas asquerosas e abusivas, a sua autoridade deve fazer-se sentir da maneira mais eficaz. Com isto, é bom não esquecer que tais pessoas, por mais repugnantes que nos pareçam, são filhas de Deus como nós e, por isso, estão abrangidas pela bitola misericordiosa do perdão divino, que vai, segundo as palavras de Jesus a Pedro, até 70X7. Obviamente, precisam de arrepender-se e de saber pedir perdão a Deus pelo pelo mal que causaram às suas vítimas e à Igreja. Também por isso, o Papa nos pede penitência e oração humilde.
Autor: Pe. Rui Rosas da Silva
DM

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15 setembro 2018