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Saibamos gerir o silêncio interior/deixemos que Deus nos fale

O recolhimento é, por si mesmo, um ambiente propício para se fazer uma boa reflexão sobre a nosso relacionamento com o Infinito. É lógico que num espaço onde decorrem eventos barulhentos, frenéticos e pouco racionais não haverá as melhores condições para se ouvir falar Deus e para nos relacionarmos com Ele. No entanto, mesmo aí, se o homem quiser, pode ouvir a voz de Deus, quer pela sua consciência, quer por outra circunstância qualquer, dado que Deus nunca rejeita nem perde a mínima oportunidade que nós Lhe proporcionarmos para nos falar sempre em nosso benefício. Deus está em todo o lado sempre à espera da nossa colaboração para atuar sobre nós e sobre a sociedade. Basta abrir-Lhe o nosso coração e aí as coisas acontecem. Saibamos ouvir Deus, que Ele falar-nos-á até nas coisas mais simples. Para Deus não há qualquer aceção de pessoas. Ele fala-nos também pelos outros e nos outros. Ouçamos e vejamos Deus nos sem-abrigo, nos pobres, nos marginalizados, nos doentes, nos explorados e até nos pecadores. Jesus veio para salvar todo o ser humano. Basta que tenhamos Fé, Lhe abramos o coração e nos arrependamos sinceramente. Para além da oração (diálogo, por excelência, com o MundoTranscendente), devemos aprender a cultivar o silêncio dentro de nós mesmos para que possamos ouvir o que Deus nos quer dizer no dia a dia. Muitas vezes, fazemos tanto barulho dentro de nós que não podemos ouvir ou discernir qualquer coisa. O silêncio interior visa descobrir a presença de Deus perante qualquer situação, mesmo que seja a mais desesperante. Por isso, precisamos de identificar o barulho que nos perturba no nosso interior. Uma vez conscientes do nosso barulho interior, já estamos em boas condições para o podermos desterrar, a fim de não mais nos perturbar nem influenciar tudo aquilo que pensamos, dizemos ou fazemos. Assim, os nossos medos irracionais, os nossos preconceitos e as nossas presunções não terão lugar em nós. É pois necessário cultivar o silêncio interior para que estejamos conscientes daquilo que Deus nos diz através de algum mensageiro, mesmo o mais simples e humilde. Se não cultivarmos o silêncio interior, a vida passa por nós ou ao nosso lado e nunca alcançaremos o significado real do que aconteceu. É que nós não nos sentimos inteiramente à vontade só com o silêncio exterior. Deus usa, e até transforma, todos os factos da nossa vida, bons ou maus, como instrumentos de purificação, se nós desejarmos caminhar para aquilo a que Ele continuamente nos convida a ser e espera que sejamos. Devemos tentar descobrir a mão de Deus a trabalhar constantemente em nós. Este discernimento é mais fácil se acalmarmos o barulho dentro de nós mesmos e procurarmos ouvir a voz de Deus que fala como que no som da brisa suave ou como dizem alguns exegetas “no som do leve silêncio” ou “no som do puro silêncio”.
Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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13 setembro 2018