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Uma nova relação parlamentar

Educar o indivíduo, a pessoa, a sociedade, a Igreja, a economia, a política, a própria educação… na observância dos imperativos transcendentais, eis uma nova e fecunda relação para os Parlamentos. Mas afinal o que é o Parlamento? De um modo simples e claro, vou colar, com cola-tudo, esta chancela: o Parlamento é um corpo ou poder legislativo supremo de uma Nação, uma Assembleia eleita pelo povo, onde se discutem todos os problemas do Estado.

Esta maneira de ver o Parlamento como um corpo legislativo, eleito pelo povo, onde se discutem todos os assuntos do Estado, é muito manhosa.

Toda a manha ou astúcia, portanto, toda a imposição das normas e do poder, se vai desenrolar a partir das claras e acolhedoras exigências dos partidos que formam a família política ou o conjunto de famílias políticas, desdobradas numa maioria absoluta ou relativa.

Falando com as mangas arregaçadas, ao colocarmos o poder do Parlamento na ou nas famílias políticas, desdobradas, com unhas e dentes, ora numa maioria absoluta ora numa maioria relativa, estamos a pôr-lhes os pés no caixão do relativismo, que leva o Parlamento a enterrar na vala húmida e funda da dissolução da união.

A razão da dissolução da união e consequente perda da sua autonomia, bem como da sua unicidade e dos seus universais relacionamentos de solidariedade, fraternidade, justiça, perdão, compreensão…, parece ser muito clara. Toda a clareza se depreende das exigências dos partidos como partidos.

Todo o partido, como partido, evidencia, na ausência da superação, uma desconexão, um isolamento, uma rotura, uma desunião e incongruência com o ôntico e natural ser humano.

É um amor exagerado, falso, relativo, subjetivo, que adorna as estruturas do ser existencial, que corre pelo comportamento existencial e se manifesta, candidamente, nas estruturas cognitivas (sensação e razão), afetivas, emocionais e comportamentais.

Estas estruturas passam a ter o império da energia, dos motivos, motivações, do prestígio, da fama, do poder, do domínio, da vitória…

Em alguns casos, todas as exigências dos partidos, como partidos, aproveitam-se da mentira e iludem-se com a sua autêntica luz.

O ôntico e natural ser humano deixa, então, de percorrer as suas soberbas avenidas, plenas de transcendentalidade, de unicidade e de relacionamento universal da pessoa consigo mesma, com o outro, com o mundo e com Deus, onde repousa, em plenitude, a paz e a felicidade.

Quando os partidos que formam os Parlamentos deixarem de querer evidenciar apenas as suas posições ideológicas e se unirem para o bem do povo que representam em vez de se gladiarem, então teremos uma nova relação parlamentar; então não veremos mais os povos dizimados pela guerra, pelo medo, pela fome; então acabará o terrível drama dos migrantes e refugiados.

Nota da Direção: Este artigo foi enviado para o Diário do Minho pelos familiares do Dr. Benjamim Araújo antes do seu falecimento. Publicamo-lo com autorização da família.


Autor: Benjamim Araújo
DM

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29 agosto 2018