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As dissolvências específicas dos movimentos políticos

No artigo anterior, servi-me desta orientadora estrela polar “Do homem para Deus e para os homens, bem como para os seus meios ambientes”. A sua efetivação pressupõe vivência e educação. Do homem, início da progressiva investigação para colher a realidade do Ser de Deus e me banhar na humanística sociabilidade entre os homens concretos em seus meios ambientes, apreendi-lhe a paz, fator imanente à sua ôntica natureza transcendental (relacional e una), que vou denominar Estrela Polar. A transcendentalidade ôntica integra-nos e solidariza-nos, consciente e afetivamente, com a realidade absoluta, simples, concreta e eterna de Deus. Tais fatores (integração, conexão e solidarização) exigem das pessoas a sua congruência e o seu evolutivo progresso na crença em Deus, no caminho trilhado por Jesus e no sentido verdadeiro da nossa vida. O fator relacional impõe-nos, categoricamente, o imperativo e intrínseco dever de estabelecermos, com Deus e com os homens, os relacionamentos de paz, misericórdia, justiça, aceitação, fraternidade e perdão, através das solidarizações, cooperações e colaborações. O fator uno, de carácter ôntico, através das superações, opõe-se, categoricamente, a todas as roturas, isolamentos, desvalorizações… neste caso específico, no campo político. O nosso ôntico e concreto ser, por amor, poder e sabedoria de Deus, é autónomo, livre e responsável. É o superador de todos os condicionalismos e circunstâncias, bem como de todas as nossas estruturas cognitivas, afetivas, emocionais, motivacionais e comportamentais. É a alma mater do verdadeiro, exato e radical sentido a dar à vida temporal, contingente e instável. O verdadeiro sentido é o da glorificação a Deus e da melhoria das condições de vida, onde mergulha toda a sociedade, em quaisquer dos seus campos. Tudo, naturalmente, emana da orientadora Estrela Polar (o ôntico ser humano) e tudo a ela regressa, como o grande e radical fator da insolvência (a não necessidade) dos movimentos políticos. Todos os movimentos e comunidades, em seus pareceres, têm de ser geridos, controlados e liderados, exclusivamente, pela autonomia do ser. Isto não é lirismo. Contudo, o grande fator da insolvência pode tornar-se fator de dissolvência quando condicionado pelo falso domínio da autonomia e da liberdade do ser existencial, através das suas roturas. Será conveniente, para maior clareza, distinguir, no homem concreto, contingente e instável, dois seres fundamentais: o ser existencial e o ser transcendental. O ser existencial, a fim de alcançar o seu verdadeiro sentido, tem de estar unido, integrado, conexado e tem de ser congruente com o ser transcendental. Acontece, porém, que o ser existencial, quando em rompimento com o ser transcendental, se torna num motor de proliferação vivencial de ídolos, os bárbaros competidores com Deus e com Cristo, os apunhaladores da ôntica natureza humana e instrumentalizadores de paixões e conflitos entre as pessoas. As roturas justificam, então, as dissolvências específicas dos partidos políticos como políticos, congregações desconhecedoras da sua natural fonte, a sua Estrela Polar. Sepultado na campa existencial das necessidades, desejos e aspirações, o humanismo transcendental espera a sua ressurreição.
Autor: Benjamim Araújo
DM

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25 abril 2018