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Sr. Professor, já comprou a pistola?

Donald Trump, o controverso presidente dos Estados Unidos da América, disse que a solução para acabar com os tiroteios mortíferos que têm decorrido nos estabelecimentos escolares daquela poderosa nação, era armar os professores. Chamou-lhe a isto um processo dissuasor. Estamos mesmo a ver dentro da sala de aula uma cena do velho Far West, onde o professor, qual John Wayne, seria o vingador e os miúdos seriam os índios apaches.

Talvez a primeira coisa que o professor punha em cima da mesa era o revolver e, antes de o pousar, rodava o tambor para ver se estava cheio, soprava no cano, e diria, “está pronta a disparar”; os alunos tirariam das suas mochilas as pistolas com que desencadeariam um tiroteio cerrado contra o vingador.

Ora esta montagem retrospetiva dum filme de cowboys, tanto do agrado de produtores do século passado, anos vinte e trinta, pode ter o seu revivalismo com a opinião do presidente Trump. Não deixa de inquietar o mundo e deixa envergonhado um país que julga ser o árbitro do mundo.

Assim o escolheram, assim o têm. Mas o que disto se apura é que ninguém quer acabar com o lóbi do armamento nos USA; é aqui que bate o cerne desta questão. O desarmamento torna-se impossível enquanto o lóbi do armamento envolver tanto dinheiro. Dizem até que um dos senhores do armamento é o próprio Trump, pelo menos foi publicamente acusado disso e não desmentiu a afirmação!

Ora se assim é, a ideia de armar os professores para se defenderem dos alunos é uma ideia comprometida, um verdadeiro conflito de interesses entre um presidente que lucra com o armamento e o bem que seria serem as escolas lugares seguros e não campos de tiro. Parece insólito que alguém queira combater a violência com violência denunciando assim uma espírito beligerante que de todo se não recomenda para quem preside aos destinos duma nação tão poderosa que até pode desencadear uma guerra nuclear.

Aliás parece transparecer cada vez mais que o presidente Trump tem uma vontade secreta em declara guerra à coreia do norte e, se ainda o não fez, é porque algum receio tem em seu consciente do poder nuclear daquele pequeno país coreano.

Não sei se este presidente que também parece não primar pela sensatez, não espera mesmo que Trump cometa a primeira iniciativa para depois ripostar, alegando perante o mundo que apenas agiu em legítima defesa. A jactância com que Trump anunciou as restrições impostas à Coreia do Norte legitima algum receio e prefigura a acalmia antes da tempestade.

Estamos entre dois presidentes que não olharão a meios para afirmar a sua força bélica. Não me parece que estaremos muito longe duma ação militar entre esses dois países com consequências imprevisíveis mesmo quanto à preservação da espécie humana. O alarmismo que sustento é aquele vento que me traz a trovoada e embora o ribombar ainda se não oiça, a luz do relâmpago começa a assustar-me.

Os dois extremam posições e o Golias não pode subestimar o pequeno David porque ele tem uma funda nuclear que acerta longe e é mortal. E se nem tudo começa por uma pistola nas mãos dos professores, tudo indicia uma mentalidade que, em vez de dialogar, sai em frente, respondendo violência contra violência.

Assim nas escolas, assim com o Coreia do Norte. Cuidado com as mentalidades que fazem da violência a política da paz.


Autor: Paulo Fafe
DM

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5 março 2018