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Comportamento de peões e automobilistas em passadeiras: um estudo efetuado na cidade de Braga

Segundo a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, registou-se no ano de 2016 um total de 4.671 atropelamentos em Portugal Continental. Destes atropelamentos resultaram cerca de 109 mortes. No que respeita ao Distrito de Braga, ocorreu um total de 376 atropelamentos, 6 dos quais foram mortais. O estudo da sinistralidade rodoviária é fundamental, num contexto em que a Organização das Nações Unidas estabeleceu como uma das metas da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável reduzir para metade, a nível global, o número de mortos e feridos devido a acidentes rodoviários. Neste contexto, foi realizado um estudo com o objetivo de observar o comportamento de peões e automobilistas em passadeiras. Três observadores realizam observação direta, não participante e sequencial do comportamento dos peões e dos automobilistas numa passadeira localizada numa artéria da cidade de Braga, tendo sido feitas observações durante o dia e a noite. Dos 58 peões observados durante o dia registaram-se os seguintes comportamentos por parte dos mesmos: olharam para os dois lados e atravessaram (n=22); olharam apenas para um dos lados e atravessaram (n=15); atravessaram a passadeira sem olhar (n=11); atravessaram fora da passadeira (n=8); e atravessaram a passadeira a correr (n=2). Foram registados alguns casos de comportamento que pode considerar-se inseguro: um caso em que um casal com um carrinho de bebé atravessou a passadeira sem olhar para nenhum dos lados; uma senhora com um carrinho de bebé atravessou a passadeira sem olhar para nenhum dos lados; um caso de um senhor que atravessou a passadeira sem olhar e estava completamente distraído a olhar para o seu telemóvel. Em relação ao comportamento dos condutores durante o dia, de uma forma geral a sua condução foi segura e prudente. Dos 67 peões observados durante a noite, registaram-se os seguintes comportamentos: olharam apenas para um dos lados e atravessaram (n=23);olharam para os dois lados e atravessaram (n=19); atravessam a passadeira sem olhar (n=10); atravessaram a passadeira a correr (n=9); atravessaram fora da passadeira (n=3); e dois pararam, olharam para ambos os lados e atravessaram (n=2). Além disso, registou-se a entrada repentina e inconsciente de um peão na passadeira em resultado do uso de auscultadores, forçando uma paragem brusca por parte do condutor. Um outro peão, em resultado de corrida efetuada e não descontinuada na via pedonal, forçou a paragem de um automobilista. De uma forma geral, os condutores apresentaram uma condução segura durante a noite, com a exceção de um condutor que não parou na passadeira no momento em que já lá estava um peão, o que poderia ter culminado num acidente grave. Os resultados deste estudo observacional permitiram perceber que é bastante frequente os peões atravessarem as passadeiras rodoviárias sem olharem para ambos os lados, de acordo com o que seria o comportamento mais seguro e desejável. A ausência deste comportamento de segurança é mais notória durante a noite. De uma forma geral, os condutores apresentaram uma condução segura. Atualmente, e mesmo com toda a informação disponibilizada pelas autoridades de Segurança Rodoviária e pelos media (em relação à segurança rodoviária), mais precisamente no que toca ao comportamento nas passadeiras, tanto por parte dos condutores como dos peões, é possível constatar-se que o comportamento dos indivíduos ainda se mantém inadequado. É preciso que definitivamente estes temas sejam introduzidos nas escolas, logo no primeiro ciclo, por exemplo, com atividades práticas, como a realização de estudos semelhantes a este, em que os alunos podem observar o comportamento dos outros, peões e automobilistas (é nas costas dos outros que vemos as nossas), visitas à periferia da escola, assinalando os perigos para a segurança dos peões existentes, entre outras atividades. O desafio que lançamos é que cada um pense em como pode melhorar o seu comportamento como peão e condutor. Lembrem-se que mais vale perder um minuto na vida do que a vida num minuto.
Autor: Catarina Rodrigues, Eduarda Fernandes, Rosiani Marcos e José Precioso
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21 fevereiro 2018