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Não estaremos sob o signo de “falsas notícias”?

Desde logo o que são as “falsas notícias” (“fake news”) e como as poderemos detetar na conjuntura noticiosa em que nos encontramos? A quem interessa difundir as “falsas notícias”? Os difusores de “fake news” poderão ser chamados à responsabilidade ou bastará a denúncia pela deteção dos factos? Por onde mais circulam as “fake news”? Poderemos – mesmo sem disso termos total consciência – ser difusores de “falsas notícias”? Desde logo as “fake news” situam-se, culturalmente, no âmbito social do boato, esse veículo de conversa com que tanta gente – mesmo nas nossas localidades mais simples e ruralistas – falava da vida alheia, bisbilhotando questões e situações, difundindo defeitos e misturando conjeturas, reportando-se a problemas dos outros e divulgando mais o que é negativo do que o que é correto e verdadeiro. Numa abordagem de descrição de “fake news” conseguimos encontrar esta espécie de “definição”: o termo [notícias falsas] diz respeito a sites e blogs que publicam intencionalmente notícias falsas, imprecisas ou simplesmente manipuladas, com a intenção de ajudar ou combater algum alvo, normalmente político. Eles também copiam notícias verdadeiras de outros veículos, mas mudam as manchetes, alterando o sentido ou colocando algo sensacionalista para atrair leitores… = Ao apresentar o tema do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais, a secretaria para a comunicação do Vaticano justificou a escolha do tema com as seguintes palavras: «num contexto em que as empresas de referência da social web e o mundo das instituições e da política começaram a enfrentar este fenómeno, também a Igreja quer oferecer um contributo, propondo uma reflexão sobre as causas, as lógicas e as consequências da desinformação nos media». Quando vivemos mais numa cultura da opinião e menos da notícia. Quando fazemos valer mais o poder dos gabinetes de comunicação das autarquias e menos o processo da feitura das notícias pelos órgãos de comunicação… “independentes”. Quando vemos crescer uma busca do sensacional e menos da objetividade. Quando vemos avançar o culto da personalidade e menos a difusão do conteúdo programático. Quando se nota que há agentes – políticos e económicos, sociais e ideológicos – que manipulam quem difunde as imagens, as declarações e os projetos… Não estaremos a cultivar mais as “falas notícias” e menos uma comunicação social ao serviço da verdade e da paz? = Torna-se urgente detetar e denunciar o modo como vêm a ser servidos certos conteúdos noticiosos. Há quem se venha a afirmar pelas boas notícias, que, no fundo mais profundo, não passam de “falsas notícias”. Como o processo está nas mãos de quem vende tais ilusões, as “falsas notícias” são servidas com habilidade esperta e sorvidas com avidez suficiente de quem, sendo envenenado a conta-gotas, não se adverte ainda dos perigos e falácias. Com os anos de democracia – se tal for real e não-virtual – que achamos que temos, seria já advertido que idênticas condições deram consequências muito nefastas para todos e não só para os proponentes e executores… Todos pagamos – e pagaremos – a fatura! Há uns tantos que já provaram, nos resultados das autárquicas, do veneno que têm vindo a semear: da tentativa de vitória conseguiram amealhar derrotas muito amargas. Os parceiros da geringonça vão sendo tragados pela sofreguidão vencedora. Os palpites deixados noutras circunstâncias deviam ser lidos e refletidos com muita atenção e quase como estertor de sobrevivência… Agora que podemos questionar as “falsas notícias” haverá ousadia para afrontar quem se acha dono disto tudo? Atendendo à morbidez dos factos recentes temos muito a recear pelo nosso futuro coletivo… Aos fazedores vendidos e vendedores de tantas notícias falsas precisamos de lembrar o velho refrão: Roma não paga a traidores… Por isso, acordem e não se deixem manipular como tem estado a acontecer!
Autor: A. Sílvio Couto
DM

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9 outubro 2017