“Porque é que os piores estão em cima? Todo o poder corrompe. O poder absoluto corrompe absolutamente”.Lord Acton
A assunção por parte de Lance Armstrong do consumo de substâncias dopantes que lhe permitiram ganhar várias competições em que esteve envolvido, permite-nos, por analogia, verificar que na vida pública e política, se a exigência de responsabilização funcionasse muitos seriam irradiados.
Na política, ou seja no exercício quotidiano da conquista do voto, ao debate, à apresentação de propostas, tudo é objeto de farsa.
O doping do desporto é substituído na política, por afirmações, que normalmente se baseiam em estudos que se verificam valer coisa nenhuma.
Em português corrente chama–se mentira, logro, embuste ou intrujice!
Não obstante, afirmar-se com pose e sentido de estado, hoje algo e, amanhã o seu contrário, em vez de merecer público repúdio considera-se comportamento normal.
Aí encontramos o busílis do atual estado de coisas, a falta da responsabilização.
Ao homem que escolhe a arte nobre do governo da Pólis, exige-se qualidades de excelência.
Não basta ser um pseudo-sofista, ou um retórico balofo!
Tem de assumir competências excelsas, tem de dar provas de vida proba, sem merecer dúvida alguma no escrutínio que se exige que aconteça a montante.
Quando hoje assumimos que se calhar a governação deveria ser feita pelas oposições, isso decorre da constatação de que, quando longe do poder de decisão, tudo é permitido propor, até o Céu na vida terrena!
Na governação tudo é diferente, seja na sua dimensão nacional ou, mais localizada no espaço, por exemplo o autárquico.
Neste ano de escolhas, pelo menos dos eleitos locais, a atenção deve ser redobrada.
Não basta afirmar as virtudes de uma mudança, devemos exigir que os atores demonstrem de que modo atuarão.
Não é suficiente a afirmação de que tudo será diferente, até porque o espelho nacional pode suscitar-
-nos as maiores das dúvidas!
Razoável é o escrutínio de se saber quem são, o que fazem, de onde vieram e por que razões se acham na obrigação de servir.
Aceitável, é quem se decidir a servir, demonstre de modo inquestionável ao que vem.
Aos candidatos à autarquia de Braga apresentados e conhecidos, hoje, apenas dois, um do PS, sufragado “esmagadoramente” pelas suas bases e um outro, objeto de “aclamação” em reunião de bases do PSD, e outros que se irão apresentar ao sufrágio, exige-se propostas que mereçam, pelo menos, a possibilidade de serem contraditas.
As eleições autárquicas próximas serão verdadeiramente um teste à nossa maturidade cívica, ou vamos na conversa do déjà-vu, ou vamos no encanto de quem na oposição tudo promete e depois logo se vê, ou, ainda, escolhemos uma via terceira, de quem seja capaz de nos dizer olhos nos olhos ao que vamos!
Espera interessante, vontade imensa de MUDAR!